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11/05/2022

Viana comenta 'previsibilidade' do futebol, em coluna na Folha

Rio de Janeiro – Seleção brasileira de futebol feminino disputa semifinal com a Suécia, no Maracanã (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo

Em 2010, o estatístico norte-americano Nate Silver, que se notabilizara usando matemática para prever os resultados dos jogos de beisebol e da eleição de Barack Obama, foi solicitado a fazer uma análise da Copa do Mundo da África do Sul. Ele previu que o Brasil seria campeão. Tomamos 2-a-1 nas quartas-de-final e ficamos em sexto lugar.

Não havia nada de errado com a matemática de Silver, que aliás nem se saiu pior do que outros especialistas: apenas, o futebol é muito mais difícil de modelar matematicamente do que outros esportes. Segundo pesquisadores da universidade Cornell, nos Estados Unidos, o time favorito ganha em apenas 50% dos casos, enquanto isso acontece 60% das vezes no beisebol, e quase 70% no basquete ou no futebol americano.

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Isso é explicado cientificamente pela Lei dos Grandes Números, um teorema a respeito de eventos aleatórios como o lançamento de moedas provado em 1713 pelo matemático suíço Jacob Bernoulli. A lei afirma que, embora o resultado —cara ou coroa— a cada lançamento seja imprevisível, se repetirmos muitas vezes é praticamente certo que cada um dos lados sairá na metade das vezes: a probabilidade de ter mais do que 51% de caras ou de coroas é muito baixa.

Uma partida de basquete consiste de grande número de jogadas em que as equipes tentam fazer pontos. A cada jogada o êxito é incerto, mas com a repetição o time mais forte acaba prevalecendo. Já no futebol, há poucos momentos suscetíveis de alterar o escore: é raro que haja mais de uma dúzia de chutes a gol. Assim, o resultado é muito mais aleatório: os pesquisadores de Cornell estimam que seja 50% talento e 50% sorte.

Há quem ache injusto que o melhor time esteja sujeito a perder apenas por falta de sorte. O problema poderia ser “resolvido”, dizem, mudando as regras para aumentar o número de gols por jogo, o que reduziria o papel do acaso.

Mas a imprevisibilidade é justamente um dos aspectos do futebol que o tornam tão apaixonante: em que outro esporte a torcida da Macedônia do Norte poderia entrar no estádio com a esperança de eliminar a tetracampeã Itália?

Aliás, em esportes como o beisebol e o basquete nos Estados Unidos são feitos grandes esforços para manter os times equilibrados e, com isso, restabelecer o papel da sorte!

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