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23/11/2018

Raio-X desvenda os segredos da máquina decifrada por Turing

A história da máquina nazista Enigma e da quebra de seu código ultrassecreto pelas mãos do matemático britânico Alan Turing são bastante conhecidas, especialmente após o lançamento do filme “Jogo da Imitação” (2014).

Embora isso tenha acontecido há 75 anos, os segredos sobre o funcionamento da Enigma ainda chama a atenção dos pesquisadores. Uma equipe da Universidade de Manchester teve acesso a uma das 274 máquinas registradas pelos alemães e, usando tomografia computadorizada, conseguiram verificar o funcionamento interno do aparelho.

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Através da coletânea de imagens, os pesquisadores estão reconstruindo uma réplica 3D virtual da Enigma. Philip Withers, pesquisador-chefe do Instituto Henry Royce e professor de Materiais da Universidade de Manchester falou sobre o projeto.

“Uma primeira olhada no interior da máquina Enigma exigiu que realizássemos mais de 1500 radiografias. É emocionante e apropriado poder desvendar alguns dos segredos de uma máquina tão icônica aqui em Manchester”.

Mas o que um equipamento fabricado na década de 1920 tem de tão inovador? Segundo os cientistas envolvidos nas análises das imagens, mesmo com a Inteligência Artificial capaz de construir códigos praticamente impossíveis de serem quebrados, a sofisticação da máquina Enigma impressiona.

O equipamento que conta um teclado e um conjunto de rotores que, acionados pelos botões funcionavam de modo constante, criando diferentes possibilidades de codificação. Acontece que as chaves com as palavras cifradas eram trocadas diariamente e, para desvendar a mensagem, era necessário anotar tudo em um caderno e ter outra máquina Enigma de suporte para desembaralhar o conteúdo transmitido a partir de telégrafos. As imagens da reconstrução em 3D da máquina feita pela Universidade de Manchester mostram exatamente isso.

Assista ao vídeo:

 

Em nome de Turing

A Enigma usada foi emprestada à Universidade por Bletchley Park e seu proprietário, o entusiasta da criptografia, David Cripps. “É a primeira vez que alguém foi capaz de olhar para dentro da Enigma com este nível de detalhe, usando uma técnica que não danifica a máquina”, diz.

As análises foram realizadas no edifício Alan Turing, na Universidade de Manchester, que é dedicado ao seu legado. Já os resultados da pesquisa foram apresentados no lançamento do Concurso de Criptografia Alan Turing 2019, uma competição na internet aberta a estudantes de 11 anos, do Reino Unido, que terá início em janeiro de 2019. A competição anual atrai mais 4.000 alunos a cada ano que competem em desafios de quebra de códigos em tempo real, ajudando a inspirar os jovens a cursarem cursos de Matemática e Ciência da Computação.

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