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23/11/2022

Na Folha, Viana fala sobre capacidade numérica de animais


Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo

Em artigo publicado na revista científica Frontiers in Ecology and Evolution, em abril deste ano, pesquisadores australianos descrevem uma descoberta surpreendente: abelhas melíferas conseguem distinguir números pares de ímpares. Não é o primeiro relato de capacidades numéricas em animais. Mas é desconcertante, porque a noção de paridade é bastante abstrata e, no caso da humanidade, parece estar ligada a certas funções complexas do cérebro.

Sabemos que crianças pequenas tendem a associar os pares com “direita” e os ímpares com “esquerda”. Outros estudos mostram que reagimos mais rapidamente a números pares com a mão direita e a ímpares com a mão esquerda. Não é claro que fator evolutivo teria gerado tais associações, nem o que teria levado uma espécie tão simples quanto a abelha a desenvolver este tipo de capacidade.

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Os pesquisadores dividiram as abelhas em dois grupos. O primeiro foi apresentado a cartelas com diferentes números —de um a dez— de objetos desenhados, embebidas em água com açúcar, se o número de objetos fosse par, ou água com quinino (amarga), caso contrário. Já o segundo grupo foi treinado a associar os pares com água amarga e os ímpares com água adoçada, usando a mesma ideia ao contrário.

As abelhas são ótimas alunas: em pouco tempo já acertavam mais de 80% das vezes em escolher cartelas adoçadas. Ainda mais impressionante, quando os cientistas passaram a usar cartelas com mais objetos desenhados (11 ou 12), que não tinham sido usadas no treinamento, a precisão dos insetos continuou acima de 70%.

Um fato misterioso é que abelhas parecem preferir números ímpares: o segundo grupo, que associou os ímpares a água adoçada, aprendeu mais rapidamente do que o primeiro. Além disso, nos dois grupos, a aprendizagem dos números ímpares foi mais rápida do que a dos pares. Entre crianças humanas, costuma ser ao contrário.

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