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05/04/2023

Na Folha, Viana conta a história do matemático 'sem rosto'

Reprodução

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo

Adrien-Marie Legendre (1752–1833) é um dos grandes matemáticos franceses. Seus trabalhos versam sobre diversas áreas da matemática, e conceitos com o seu nome povoam os livros de matemática dos nossos dias. Foi armado cavaleiro por Napoleão e é um dos 72 cientistas cujos nomes estão inscritos na Torre Eiffel.

No entanto, pouco se sabe sobre a sua vida. A família era rica, mas os bens foram confiscados no auge da Revolução Francesa, no mesmo ano de 1793 em que o governo revolucionário fechou a Academia das Ciências, sua fonte de renda. De bom naquele ano só o casamento com Marguerite-Claudine Couhin, sua companheira de toda a vida.

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Até 2005, só se conhecia um retrato de Legendre, utilizado regularmente nos livros de história da matemática e que está espalhado na internet. Foi naquele ano que dois estudantes da Universidade de Estrasburgo descobriram que esse retrato também era usado para representar outra pessoa, o político revolucionário Louis Legendre (1752–1797), que tinha o mesmo sobrenome.

A investigação que se seguiu mostrou que a imagem era parte de uma coleção de litografias de celebridades publicada em 1833 pelo artista François-Séraphin Delpech e que, sem dúvida, mostra o político, não o matemático. De repente, Adrien-Marie deixou de ter rosto!

Como tal erro pôde ter acontecido e se perpetuado por mais de um século? A primeira atribuição errada do retrato teria acontecido num livro sobre o trabalho de cientistas publicado por Alphonse Rebière, em 1900. A essa altura já tinham morrido os dois Legendre, o matemático e o político, e todas as pessoas que os conheceram em vida.

O mais irônico é que, embora não fossem relacionados, apesar do mesmo sobrenome, suas vidas estiveram conectadas: Louis teve papel fundamental no encerramento das academias e sociedades científicas, o que condenou Adrien-Marie à pobreza. Para dar uma ideia do personagem, basta mencionar que Louis Legendre foi autor da proposta de que, além de ser guilhotinado, o rei Louis 16 tivesse seu corpo esquartejado em 84 partes, para que cada departamento da França pudesse receber um pedaço.

Outra reviravolta ocorreu em 2007, quando o matemático Gérard Michon descobriu, na Biblioteca do Instituto da França –instituição criada por Napoleão em 1803 para substituir a então extinta Academia das Ciências–, uma coleção de aquarelas do pintor Julien-Léopold Boilly que representava membros do instituto.

Para ler o texto na íntegra acesse o site do jornal.

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