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03/04/2023

'A matemática é minha profissão e meu hobby', diz doutorando

Foi durante o terceiro ano do Ensino Médio, quando se tornou monitor na escola, que Brayan Cuzzuol Ferreira, de 27 anos, decidiu que faria da matemática sua profissão. O interesse pela área surgiu através de um professor que resolveu apresentar a disciplina de uma maneira diferenciada – distante da decoreba de fórmulas e teoremas – prática comum nas redes de ensino. Outro mestre foi responsável pelo primeiro emprego do estudante na área de exatas. As novas experiências fizeram com que Brayan deixasse de lado a ideia de cursar estatística. O caminho natural foi seguir na matemática.  

Dez anos após a decisão, o atual estudante do IMPA apresenta a tese de doutorado: “Homologia de contato mergulhada e a 2-esfera” sob orientação de Vinícius Ramos, pesquisador do instituto. A defesa está marcada para as 12h, desta terça-feira (4), na sala 232, e será transmitida pelo YouTube do IMPA.

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No trabalho, o doutorando aborda geometria simplética, uma área da matemática que estuda objetos geométricos munidos de uma estrutura capaz de medir tamanhos de objetos bidimensionais. Tal estrutura tem origem na formulação Hamiltoniana da mecânica clássica e permite estudar a dinâmica de um sistema mecânico. 

“Em minha tese, focamos no fibrado cotangente da esfera bidimensional que pode ser interpretado como o conjunto de pontos e momentos, no sentido físico, na 2-esfera. Aqui a 2-esfera, bidimensional,  significa um conjunto de pontos possuindo a mesma distância de um dado ponto no espaço tridimensional.  Utilizando uma teoria chamada de homologia de contato mergulhada e a teoria de sistemas integráveis, estudei sobre mergulhos de outros objetos geométricos dentro deste fibrado cotangente de forma que a estrutura simplética fosse preservada”, explicou. 

Natural do Espírito Santo, Brayan concluiu o bacharelado em matemática na UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), em 2017. Inicialmente, a intenção do jovem era concluir o curso de licenciatura, mas novamente um professor interveio e convenceu o então universitário a se inscrever em algumas disciplinas de bacharelado, o que o levou, mais tarde, para a área de pesquisa. 

“Entrei no curso de matemática pensando em atuar no ensino básico, já que tive oportunidade de trabalhar como professor em algumas escolas e gostei bastante. No entanto, quando estava na metade do curso, a Magda, uma professora da UFES, que era a chefe do colegiado na época, sugeriu que eu me matriculasse em disciplinas do bacharelado. Naquele tempo, ela, que já havia sido minha professora em dois cursos, observou que eu tinha perfil para a área acadêmica e matemática pura”, conta o doutorando. 

Anteriormente, no mestrado (UFES), Brayan disse que também partiu de professores o incentivo para que ele estudasse no IMPA, onde ingressou no doutorado em 2019. Para ele, o mais fascinante na matemática é o desafio. 

“Acho muito interessante conseguirmos descrever e entender alguns fenômenos usando a linguagem matemática e acho que isso é um dos grandes desafios da humanidade. Acredito que a matemática é um dos maiores bens para o desenvolvimento da sociedade.”

Para o futuro, Brayan almeja se tornar um professor universitário dando continuidade ao desenvolvimento de pesquisas. “Amo aprender, mas também amo ensinar. Então, viver fazendo essas duas coisas é a minha maior meta. A matemática é majoritariamente minha vida profissional, mas às vezes a considero também um hobby”, concluiu o doutorando.

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