Folha: Matemática contribui com 18% do PIB da França
Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo
O imperador Napoleão Bonaparte escreveu que “o avanço e a perfeição da matemática estão intimamente ligados à prosperidade do Estado”. Sua visão moldou a França moderna, e seus compatriotas colhem os benefícios até hoje.
Detentora de notável comunidade matemática, distinguida com 14 (ou seja, 22%) das 64 medalhas Fields já concedidas, a França disputa com os Estados Unidos a primazia no cenário mundial da pesquisa.
Quanto disso resulta em “prosperidade do Estado” é o que o governo francês visa responder com o “Estudo do impacto econômico da matemática na França”, que acaba de ser publicado. O documento tem prefácio do ministro da economia, finanças e soberania industrial e digital. Feliz é a nação cujo ministro da economia sabe que pesquisa científica é matéria de soberania nacional.
Leia mais: IMPA 70 anos: uma vida entre as flores do instituto
Prêmio IMPA de Jornalismo está com inscrições abertas
Festival mostra que matemática pode ser divertida e inovadora
Estudo similar publicado em 2015 apontara que as atividades econômicas ligadas à matemática têm peso surpreendentemente grande na economia francesa. Aliás, essa conclusão foi corroborada por análises equivalentes realizadas na década passada em outros países, como o Reino Unido, a Holanda, a Austrália e a Espanha.
As conclusões do estudo de 2022 são ainda mais impactantes. A contribuição da matemática ao PIB (produto interno) da França, que era de 16%, passou para 18%: são 281 bilhões de euros, cerca de R$ 1,5 trilhão, gerados a cada ano por empregos com forte componente da matemática. O número desses empregos também aumentou: são 3,3 milhões, 14% a mais do que há dez anos, em setores como informática, pesquisa e desenvolvimento científico, produção e distribuição de energia e telecomunicações —e tende a crescer cada vez mais.