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21/08/2020

María Amelia Salazar ganha Prêmio Para Mulheres na Ciência

Foto: L’Oréal-UNESCO Para Mulheres na Ciência

Mais do nunca, é preciso solucionar grandes desafios do mundo. E elas lideram significativas pesquisas científicas que avaliam os efeitos da pandemia da Covid-19 na saúde mental dos adolescentes, a origem de raios cósmicos e sua possível relação com galáxias de intensa formação de estrelas e métodos para preservar plantações de soja em períodos inesperados de seca. Os temas foram alguns dos sete premiados pela 15ª edição do Programa Para Mulheres na Ciência, promovido pela L’Oréal Brasil, em parceria com a UNESCO no Brasil e a Academia Brasileira de Ciências. 

María Amelia Salazar, professora do Instituto de Matemática e Estatística da Universidade Federal Fluminense, foi a vencedora na categoria “Ciências Matemáticas”, com o trabalho sobre estruturas geométricas abstratas e complexas. Na pesquisa, a colombiana se dedica a uma área da matemática relativamente nova, grupóides e algebróides de Lie, com objeto de estudo originado a partir de uma teoria da simetria contínua e aplicações com referenciais no estudo da geometria e das equações diferenciais do século 19. 

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“O prêmio traz a confiança de que seu trabalho é bom, que você está sendo reconhecida e ajuda a divulgar aquilo que faço para pessoas ‘comuns’, o que é extremamente importante. Também dá um grande ânimo para continuarmos, já que o trabalho de pesquisa, mesmo sendo muito satisfatório, é desafiador”, pontua a pesquisadora que esteve no IMPA para o pós-doutorado entre 2014 e 2017.

Para contribuir com ações que promovam a diversidade acadêmica, María Amelia vem trabalhando em grupos de pesquisa que aproximam mestrandos de possíveis objetos científicos para o doutorado. “Através do Cibercolóquio Latino-Americano de Matemáticas, promovemos apresentações de palestrantes e estamos atentos para manter o alto nível científico, levando em consideração o equilíbrio entre número de homens e mulheres na área e incentivando a inserção de pessoas de diferentes regiões e áreas.”

Além dela, outras seis cientistas tiveram trabalhos reconhecidos pelo prêmio. A categoria “Ciências da Vida” teve quatro vencedoras. A microbiologista Vivian Costa (UFMG) se destacou com a pesquisa que busca encontrar soluções para identificar e tratar formas graves da dengue e outras doenças virais como a Covid-19. Luciana Tovo (UFPEL) foi premiada pela análise dos efeitos da pandemia do novo coronavírus no estresse crônico de adolescentes. 

O estudo da oncologista Andreia Melo (INCA) aperfeiçoa a imunoterapia contra um tipo de câncer raro e grave, o melanoma de mucosa. Fernanda Farnese, do Instituto Federal Goiano, foi premiada por desenvolver um método de preservação de plantações de soja em períodos inesperados de seca. 

Rita de Cássia (UFPR) foi a contemplada na categoria “Ciências Físicas” por analisar galáxias em que há intensa formação de estrelas. O prêmio de “Ciências Químicas” ficou com Daniela Truzzi (USP), que pesquisa o funcionamento do óxido nítrico, defesa imunológica e cicatrização de tecidos. 

O Programa Para Mulheres na Ciência tem como objetivo transformar o cenário científico através do reconhecimento de mulheres. Mais de 100 pesquisadoras já foram premiadas, totalizando um investimento em mais de R$ 4,5 milhões em bolsas-auxílio. Na edição de 2018, Luna Lomonaco (IMPA) foi a vencedora na categoria “Ciências Matemáticas”, pelo trabalho de pesquisa em sistemas dinâmicos. A pesquisadora do IMPA de geometria algébrica Carolina Araujo recebeu o prêmio, em 2008. Adriana Neumann, Cecília Salgado e Paula Veloso, ex-alunas do instituto, também já foram premiadas. 

Este ano, além de ganharem uma bolsa de R$ 50 mil reais, as vencedoras participarão também de um treinamento com duração de dois dias com webinars sobre gênero, carreira, media training e outros assuntos ligados às mulheres na ciência. 

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