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22/06/2021

João Paulo Lindquist fala sobre folheações holomorfas em tese

Crédito: Arquivo Pessoal

Assim como acontece com muitos matemáticos, João Paulo Lindquist, doutorando do IMPA,  teve um empurrãozinho da literatura para se aventurar na disciplina. Durante a graduação em matemática na Unesp de São José do Rio Preto (SP), o contato com “O Último Teorema de Fermat”, livro de Simon Singh que recebeu de presente do pai, o fez enxergar com mais nitidez a beleza do universo dos números. “O que achei interessante é ver como cada matemático trabalha com algum problema específico, com ou sem ajuda de outros matemáticos, e a soma das contribuições de cada um faz o avanço da matemática que temos registrado ao longo da história”, relembra.

O livro também o apresentou à teoria dos números, área que estudou durante o mestrado no IMPA. Nesta quinta-feira (24) às 10h, Lindquist dá mais um importante passo em sua trajetória profissional. Ele apresenta a tese “Classificação de folheações holomorfas via geometria birracional”, orientada pela pesquisadora Carolina Araujo. O trabalho será transmitido por videoconferência, no YouTube do instituto

O doutorando compartilha que sua maior motivação para desenvolver a matemática é “dar a comunidade uma nova contribuição”, na linha do que absorveu com a obra de Simon Singh. Ele destaca ainda o “componente social” da disciplina, como um dos fatores que mais o marcaram. “Embora a matemática como conteúdo seja algo considerado rígido e exato, a atividade do matemático é extremamente humana, cheia de altos e baixos, erros e acertos”, frisou. 

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Em sua tese, ele falou sobre  geometria algébrica e folheações. “Usei métodos de geometria algébrica para classificar certas classes de folheações que são importantes na teoria geral de classificação de folheações holomorfas”, detalha. A escolha do tema foi influenciada pela orientadora. Ele conta que já se interessava pela geometria e, no IMPA, se aproximou dos estudos de folheações. “Uma característica desse tema que eu gosto muito é que eu posso usar ferramentas de várias áreas para trabalhar nele: tanto a geometria algébrica, como a geometria analítica. Porém, por ser um tópico relativamente novo na matemática, ainda não existe uma referência que reúna todo o conteúdo básico de geometria birracional de folheações holomorfas”, explica.

Ele conta que Carolina, sua orientadora, foi uma grande aliada no processo do doutorado, respondendo todas as dúvidas de forma didática. “Gosto do jeito que ela enxerga a matemática: para ela com uma visão intuitiva dos conceitos antes de defini-los e trabalhar com eles rigorosamente”, explica.

Natural de São José do Rio Preto, o doutorando relata que já mostrava aptidão para as matérias de exatas durante a escola. O apoio dos pais, professores de filosofia da rede estadual do município, foi fundamental para que ele adquirisse gosto pelos estudos. “Eles sempre me incentivaram muito a estudar e a respeitar os professores. Também sempre tive muito contato com livros e acredito que meu pai tenha estimulado em mim uma mente indagadora. Minha mãe sempre apoiou minhas escolhas e sempre acreditou em mim”, relembra.

Embora seja um entusiasta da matemática, disciplina que escolheu como profissão, o paulista reconhece as dificuldades que encontrou ao percorrer a carreira acadêmica principalmente durante o doutorado. “É nessa etapa que você deve começar a se tornar um pesquisador independente. É comum, nesse período, as pessoas se sentirem uma fraude, ou seja, sentirem que não deveriam estar ocupando o posto de pesquisador”, compartilha. 

Tendo vivenciado hesitação ele mesmo, Lindquist dá uma dica a seus pares. “Meu conselho é buscar ajuda de familiares e amigos que possam te apoiar, e se você puder contar com seu orientador, ajuda muito conversar com ele nessas horas.”

Com a conclusão do doutorado, o Lindquist pretende continuar na pesquisa, seja em um pós-doc ou assumindo uma posição fixa em uma universidade. Por ora, já garantiu uma posição de professor substituto na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

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