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21/05/2021

IMPA se reúne com associações de moradores sobre o campus


O IMPA apresentou o projeto do Novo Campus a quatro associações de moradores do Jardim Botânico e do Horto nesta sexta-feira (21), em mais uma reunião com vizinhos. Os representantes do IMPA responderam às dúvidas e questionamentos das associações de Moradores do Jardim Botânico (AMAJB), do Horto Florestal, do Alto Jardim Botânico e da Rua Barão de Oliveira Castro. Participaram do encontro o diretor-geral do instituto, Marcelo Viana; o arquiteto responsável pelo projeto, Vinicius de Andrade, do Andrade Morettin Arquitetos; e o engenheiro florestal Marcelo de Carvalho, presidente da Biovert, empresa contratada para a preparação do terreno.
A íntegra da reunião está disponível no YouTube do instituto.  

O diretor-geral do IMPA afirmou que será criado um único complexo com as unidades interligadas para ampliar a capacidade de atuação acadêmica e social do instituto. Viana informou que o rigoroso processo de licenciamento durou seis anos, e “todos os requisitos” foram cumpridos antes do início dos trabalhos no terreno. Ele lembrou a disponibilidade de um Ouvidor independente para a obra, a realização de 13 reuniões com moradores e as mudanças no projeto a partir de pedidos desses vizinhos – como a eliminação de um bloco inteiro e a redução do número de alojamentos e de vagas para carros ao mínimo permitido.

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Em sua apresentação, Viana explicou que projeto ocupará apenas 3,5% do total do terreno, embora a legislação permita até 10%, e terá um corredor arborizado de ao menos 20 metros de distância para as casas da rua Barão de Oliveira Castro. A fim de garantir a segurança hídrica da região, haverá uma lagoa de retenção de águas pluviais e, por solicitação da Rio Águas, o IMPA fará uma galeria externa que dará escoamento com segurança às águas pluviais.

O novo campus terá 67 gabinetes de pesquisadores, 7 salas de aula, auditório com 213 lugares, 4 salas de estudo, laboratórios computacionais, centro de processamento de dados, biblioteca virtual de 258m² e 129 unidades de habitação para estudantes. “Acreditamos neste projeto. É um legado para a cidade do Rio e o país. O licenciamento e a construção estão na mais estrita legalidade. Houve duas denúncias anônimas à polícia florestal, que constatou que está tudo regular. O IMPA está cumprindo todas as regras e principalmente buscando minimizar o impacto aos vizinhos e ao meio ambiente”, afirmou o diretor-geral do IMPA.  

“É uma área que foi desmatada há mais de 50 anos para a exploração de uma pedreira. A vegetação local é secundária, e o novo campus será instalado em uma clareira já existente”, disse Viana. O engenheiro florestal Marcelo de Carvalho explicou que metade das árvores a serem suprimidas no terreno é de jaqueiras, espécie exótica invasora que tem dominado a Floresta da Tijuca, e de árvores mortas. “A lei da Mata Atlântica determina que todas as espécies invasoras sejam removidas”. Segundo ele, todas as árvores a serem suprimidas têm autorização individual e nenhuma delas é espécie em extinção. 

“Toda vez que vamos fazer uma supressão, recebemos, além da autorização de supressão da SMAC (Secretaria Municipal de Ambiente), uma planta visada com todos os indivíduos marcados. Quando chegamos ao terreno, a primeira coisa que fazemos é marcar todas as árvores que estão autorizadas. Caso exista alguma árvore no terreno que não esteja na planta visada, esta árvore não é suprimida. Se houver necessidade de se fazer um complemento do inventário, é feito e submetido à secretaria para que faça essa correção”, disse o engenheiro.

Estrutura do novo campus

Viana apresentou a estrutura que o novo campus vai oferecer aos alunos e pesquisadores. “Quem circula no meio acadêmico, inclusive em instituições no mundo todo, sabe que habitações para estudantes são parte de um campus. Isso aumenta não só o conforto do aluno, mas também a produtividade. No nosso caso, essa questão é ainda mais relevante porque a maioria dos alunos é de outros estados ou de outros países, mas as bolsas de fomento [R$ 1.500 para estudantes de mestrado, e R$ 2.200 para os de doutorado] não cobrem os custos de vida no Rio de Janeiro.”

Em resposta a uma representante da rua Barão de Oliveira Castro – que se referiu ao suposto uso de “brechas da lei” para aprovar o projeto e disse que “não é sustentável” -, o arquiteto Vinícius de Andrade, autor do projeto e professor de Urbanismo do Insper, explicou que a presença do campus “não é brecha da lei”.

“Sei da importância de contrapor colocações às vezes infundadas. Queria deixar bem claro que o IMPA ser acolhido no bairro não é uma ‘brecha da lei’. É previsto na lei no Rio. Na ZR-1, as atividades de ensino são ‘acolhidas e toleradas’, é o termo da lei. Não existe aí nenhuma irregularidade absolutamente, quero deixar bem claro”, disse. 

“Com relação à sustentabilidade do projeto: este não é o primeiro, mas o quarto prêmio internacional de sustentabilidade que o meu escritório, Andrade Morettin Arquitetos, recebe. Entendo um pouco desse assunto e sei quais são os critérios, com base em evidência. São especialistas [que avaliam no júri] e existe um critério internacional, que está nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU, dos pontos que devem ser observados para ser considerado ‘sustentável’. O projeto do IMPA não só atende, como concorreu [e ganhou] com 238 projetos do mundo inteiro. [O Lafarge Holcim] é um dos prêmios mais importantes do mundo em sustentabilidade.” 

Mario Esteves, representante da Associação de Moradores do Alto JB, e Sérgio Fontoura, da Associação de Moradores da Rua Barão de Oliveira Castro, perguntaram se houve avaliação de riscos geológicos do projeto. “Foi montada uma equipe altamente qualificada, composta por consultores geotécnicos especialistas nas encostas do Rio. O processo passou por uma auditoria geotécnica e foi aprovado”, esclareceu Andrade. Viana ressaltou que o projeto se atém a “fatos objetivos”, seguindo o parecer das autoridades que melhor podem avaliar as condições do terreno, como a Fundação Rio-Águas e a GEO-RIO. 

AMAJB defende o projeto

Ana Julieta Carneiro, representante da Associação de Moradores do Jardim Botânico (AMAJB), defendeu o projeto e afirmou que o novo campus do IMPA trará benefícios para o bairro. 

“Levei o projeto à Câmara Técnica de Áreas Verdes, e os engenheiros que me assessoravam disseram que o projeto tem todas as licenças pedidas e está dentro dos conformes. O IMPA tem colocado à disposição a Ouvidoria e seus canais de contato. Temos que ver para o futuro. É uma instituição de renome internacional, importante para o Rio de Janeiro e para o Brasil. Queria eu, como AMAJB, ter todos os problemas tratados como o IMPA vem fazendo! Fico feliz que seja uma obra deles e não de uma outra construtora qualquer. A AMAJB está envolvida desde o início, demos o ‘de acordo’ e estávamos no lançamento da Pedra Fundamental. Achamos que será bom para o bairro.”

Protocolos sanitários

A reunião seguiu todos os protocolos sanitários, com distanciamento entre os participantes, uso de máscara, álcool em gel e higienização dos microfones.

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