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08/03/2022

IMPA 70 anos: instituto já formou 1400 mestres e doutores

Ana Luísa Vasconcellos

Em 1962, dez anos depois de sua fundação, o IMPA inaugurava seus programas de mestrado e doutorado em matemática, por meio de um convênio firmado com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Após um breve período de colaboração com a UFRJ, o instituto tornou-se a primeira instituição brasileira a ter o programa de pós-graduação na área credenciado pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). 

Desde então, estudantes de todo o Brasil e do exterior são atraídos para a pós-graduação do IMPA. O agradável ambiente do seu campus, localizado no Jardim Botânico, é, sem dúvida, um diferencial. Mas os principais atrativos do programa são o prestígio do seu corpo docente e o alto padrão de ensino, que elevaram o IMPA à uma posição de destaque no cenário internacional.

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Além de liderar a missão de estimular a pesquisa matemática no Brasil, o instituto já formou mais de 1.400 mestres e doutores. A pesquisa de ponta é o pilar da formação de matemáticos que passam pela instituição, expressa pela conquista de importantes prêmios como a medalha Fields, principal honraria da matemática, entregue ao pesquisador Artur Avila em 2014.

O paulista Gabriel Fazoli, de 24 anos, fez mestrado no IMPA e hoje está no segundo ano do doutorado, mas sua história com o instituto começou há mais de dez anos. O doutorando conheceu a matemática pela OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas) em 2008, quando era aluno de uma escola pública na cidade de Urupês, interior de São Paulo. “Achava muito divertido fazer a olimpíada! As questões vinham com desenhos e eram diferentes do que eu via em aula”, relembra Fazoli, que conquistou 7 medalhas de ouro na competição. 

Depois de visitar o IMPA algumas vezes por conta das premiações da OBMEP, o jovem graduou-se em matemática na Universidade Estadual Paulista (Unesp). Foi então que decidiu retornar ao instituto carioca, onde viu o encantamento pela área nascer. “Já pensava em estudar aqui e sempre tive fascínio pelo IMPA. Desde a época em que fui medalhista da OBMEP achei o lugar muito legal e interessante. Agora, depois de ter me formado, vejo que é um instituto muito conectado, prestigiado e com portas abertas para o mundo”, opina.

Como consequência do ensino de excelência, o IMPA tem protagonizado importante papel no desenvolvimento da área a nível internacional, como explica Henrique Bursztyn, gerente de ensino da pós-graduação. “O instituto cumpre um papel essencial na formação de pesquisadores para o desenvolvimento da matemática em todo o mundo, sobretudo na América do Sul. Grande parte dos mestres e doutores que se formam no IMPA vão levar esse conhecimento para centros de pesquisa em outras regiões e, por isso, o instituto tem grande influência nos avanços científicos da área”, comenta Bursztyn.

Prestígio do corpo docente e alto padrão de ensino são marcas do programa

O rigor na seleção do corpo docente esteve presente desde o início do programa de pós-graduação do IMPA, e resultou em um alto padrão de ensino. Poucos anos após a criação dos cursos, com apoio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e do CNPq, o IMPA apostou na contratação de pesquisadores em atividade no exterior ou em fase final de doutorado vindos das melhores instituições estrangeiras. 

O IMPA oferece quatro áreas de mestrado acadêmico: matemática; computação gráfica; economia matemática e matemática computacional e modelagem. Desde a criação do programa, 881 mestres passaram pelo instituto. Já o programa de doutorado, que formou 543 doutores até hoje, possui onze áreas de especialização: álgebra; análise/equações diferenciais parciais; computação gráfica; dinâmica dos fluidos; economia matemática; geometria complexa e folheações holomorfas; geometria diferencial; geometria simplética; otimização; probabilidade e sistemas dinâmicos e teoria ergódica.

Consagrado como um dos principais centros de educação matemática na América Latina, o instituto tem um corpo docente robusto, com 43 pesquisadores. Sua excelência científica é comprovada com marcos como a promoção do Brasil ao Grupo 5 da União Matemática Internacional (IMU, na sigla em inglês), que reúne as nações mais desenvolvidas em pesquisa matemática.

Formação e pesquisa

Todos os anos, as turmas de mestrado e doutorado do instituto recebem cerca de 20 novos ingressantes para cada modalidade, que contam com uma bolsa de estudos financiada pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e pela CAPES, assim como pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). O processo de seleção ocorre através de candidaturas feitas pelo site do IMPA, e inclui etapas como envio de histórico, carta de motivação e carta de recomendação de professores.

A doutoranda Ana Carolina de Carvalho Mançur, de 27 anos, conheceu o IMPA durante a graduação em geofísica, quando participou de um Programa de Verão e, desde então, surgiu o desejo de cursar a pós-graduação no instituto. Natural de Alagoinhas (BA), a jovem reconhece que a experiência foi determinante para que decidisse mudar de área, e o primeiro passo foi o mestrado em matemática na Universidade Federal da Bahia (UFBA). “Fui conhecendo mais sobre o mundo acadêmico e o IMPA sempre surgia como referência em diferentes áreas da matemática”, diz Ana Carolina. 

Quando descobriu que no instituto estavam alguns dos pesquisadores mais consagrados em geometria, que é seu foco de interesse, decidiu ingressar no doutorado do IMPA. “Todas as expectativas que eu tinha em relação ao IMPA foram mais do que cumpridas. Com a pandemia tudo mudou, trabalhamos a distância, mas mesmo assim a estrutura do IMPA não deixa de me surpreender”, elogia.

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