Folha: Viana conta a história da astrônoma Sophia Brahe
Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo
O dinamarquês Tycho Brahe (1546–1601) foi o último grande astrônomo antes da invenção do telescópio. Durante décadas, fez observações meticulosas das posições dos astros no céu. O seu assistente Johannes Kepler usou-as para deduzir as famosas três leis do movimento planetário, que, por sua vez, influenciaram a descoberta da lei da gravitação de Isaac Newton. Isso assegura a Brahe um lugar de honra na história da ciência.
Igualmente notável, mas bem menos conhecida, é a sua colega e irmã caçula, Sophia Brahe (1559–1643). Nascidos na aristocracia, os irmãos compartilhavam o gosto pela ciência, que a família considerava imprópria para pessoas da sua classe.
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Sophia estudou química e horticultura com Tycho e, mais tarde, também se interessou pela medicina. Mas o irmão resistiu a lhe ensinar astronomia, inicialmente, por duvidar que ela conseguisse dominar a área considerada mais complexa (e lucrativa): a astrologia.
Assim, Sophia estudou astronomia sozinha, em livros em alemão ou latim que mandava traduzir às próprias custas, e acabou colaborando com Tycho em suas observações. Estavam juntos em 11 de novembro de 1572 quando descobriram uma nova estrela (a supernova SN1572, na terminologia atual) na constelação de Cassiopeia. Descoberta chocante para a época, pois contradizia o dogma de que a esfera estelar era eterna e imutável.
Sabemos que também observaram juntos o eclipse lunar de 8 de dezembro de 1573. O apreço que Tycho desenvolveu pela colega Sophia fica patente em seus inscritos, onde se refere a ela como “animus invictus” (mente determinada, em latim). Representou Sophia na personagem Urania, a musa grega da astronomia, protagonista do poema épico em latim “Urania Titani”, que publicou em 1594. Chegou até a delegar a ela a tarefa de escrever os horóscopos de seus clientes!
Sophia aplicou o seu conhecimento de horticultura na concepção dos jardins do castelo de Trolleholm, que atualmente pertence à Suécia. Nos últimos anos de sua vida, também escreveu uma genealogia das famílias nobres da Dinamarca que ainda é uma importante fonte de informação histórica. Morreu em 1643, na cidade de Helsingor.
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