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30/08/2023

Folha: A história das primeiras professoras universitárias

Foto: Wikimedia Commons

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo

Compartilho mais duas trajetórias de vida que aprendi em “101 Mulheres Incríveis que Transformaram a Ciência”.

A italiana Maria Gaetana Agnesi (1718–1799) foi uma criança prodígio. Aos 5 anos era fluente em francês, além da língua materna, e aos 11 também falava grego, hebraico, espanhol, alemão e latim. Adolescente, impressionou os amigos do pai com um discurso sobre o direito das mulheres a aprenderem “as belas artes e a sublime ciência”. Em latim.

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Àquela altura já evidenciava forte gosto pela matemática, estudando as obras dos grandes especialistas do seu tempo. A vontade de cuidar dos irmãos e irmãs –era a mais velha dos 21 filhos que seu pai teve em três casamentos– impediu que realizasse na juventude a sua outra grande vocação: tornar-se freira.

Mas desse cuidado resultou o livro “Instituições Analíticas para Uso da Juventude Italiana”, que escreveu para ensinar matemática às crianças. Traduzido para diversas línguas, trouxe-lhe amplo reconhecimento internacional. Entre os admiradores, ninguém menos que a imperatriz Maria Thereza, da Áustria, e o papa Bento 14.

O pontífice convidou-a para assumir a cátedra de matemática e ciências naturais na Universidade de Bolonha. Depois de sua compatriota Laura Bassi, de quem falo em seguida, Agnesi foi a segunda mulher na Europa a deter um cargo de professora universitária, embora não tenha chegado a exercê-lo.

Nos últimos anos de vida, com os irmãos crescidos, ficou finalmente livre para adotar um modo de vida recluso, compatível com seu temperamento, morando num convento e dedicando-se à religião e à filantropia. Morreu pobre e foi sepultada em vala comum.

O talento de Laura Bassi (1711–1778) também foi reconhecido cedo pelo cardeal Prospero Lambertini, o futuro papa Bento 14, que se tornou seu patrono. Aos 21 anos, foi nomeada professora de anatomia e, dois anos depois, passou a ensinar também filosofia, sempre em Bolonha.

Recebia salário, mas como era esperado que mulheres se comportassem de modo discreto, tinha de dar a maior parte das aulas em casa. Assim mesmo, a universidade não deixou de tirar proveito do simbolismo da sua presença, que tinha valor político. Casou em 1738 com o médico Giuseppe Veratti, com quem teve entre 8 e 12 filhos.

Para ler o texto na íntegra acesse o site do jornal.

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