Entre Matemática e Física, Felipe defende tese de doutorado
Daqui a poucos dias, Felipe Espreafico completará 26 anos e esse não é o único motivo para comemoração. Na próxima sexta-feira (23), ele defende sua tese de doutorado ‘Modularidade e Geometria Enumerativa de Invariantes Físicos’, às 10h30 na sala 232. A apresentação também poderá ser acompanhada pelo YouTube do IMPA.
De Ribeirão Preto (SP), Felipe sempre teve proximidade com a área de exatas e ganhou medalhas de bronze na Olimpíada Brasileira de Química e na Olimpíada Brasileira de Física. E uma prata na Olimpíada de Química do Estado de São Paulo.
Em meio a dúvida entre seguir pela matemática ou física, percebeu na interação com seus amigos que tinha uma forma de ver as coisas pela ótica da matemática.
“Foi no último ano do Ensino Médio que eu decidi pela matemática por perceber que tinha uma visão diferente, mais voltada para a coisa teórica”, disse o doutorando.
Outra coisa que Felipe gosta é o diálogo, a troca sobre os problemas matemáticos para chegar a uma solução. “Muita gente me perguntava se a faculdade estava sendo como eu esperava, e minha resposta era que não. Porque a matemática em um nível mais avançado é mais rigorosa”, contou.
Sendo o primeiro matemático da família, Felipe é filho de professores universitários voltados à biologia molecular. Ele conta que isso faz toda a diferença em sua carreira, porque embora os pais não compreendam o que exatamente ele faz, eles possuem noções das etapas de uma pesquisa e desenvolvimento, conseguindo acompanhar e dar maior suporte.
Formado em Matemática na USP de São Carlos, o jovem decidiu não passar pelo mestrado e ingressou direto no doutorado ao ser aprovado no IMPA em 2020. Ao longo da graduação já se envolvia com iniciação científica, inclusive passando um período na Alemanha.
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Esses projetos de iniciação científica foram essenciais para dar uma ideia de como a pesquisa funcionava. “Caso optasse pelo mestrado, iria acabar repetindo um pouco do que já havia aprendido nessas atividades da iniciação”.
Orientado pelo pesquisador do IMPA Hossein Movasati, a tese de Felipe explora relações entre Matemática e Teoria das Cordas, uma parte da Física. A primeira metade da sua tese pega invariantes enumerativos (isto é, contagens de objetos geométricos) que já existiam na Física e os traz para um contexto mais geométrico e modular. Como uma geometrização dessas contagens. A outra parte do trabalho foi considerar formas de refinar esses invariantes, os relacionando com aritmética em alguns exemplos simples.
Durante o doutorado, ele teve a oportunidade de voltar para a Alemanha, onde estudou por 10 meses com uma bolsa da CAPES na Universidade de Heidelberg, em 2022.
“Eu fui para continuar um trabalho que já estava desenvolvendo no IMPA, mas na Alemanha começamos a discutir sobre coisas um pouco diferentes. Eu estava interessado em interpretar as contagens como formas modulares, mas lá também me interessei em como interpretar melhor as contagens em si, analisando refinamentos e generalizações”, disse.
Na Alemanha, Felipe pôde olhar para esses tipos de contagem de uma forma mais geral, passando parte da sua estadia na função de entender possíveis formas de refiná-las.. “Não provamos algo novo, mas mostramos relações entre exemplos mais concretos da Física e da Matemática, criando conexões que antes ninguém tinha prestado atenção. Foi um trabalho muito bem recebido pela comunidade”.
Com a conclusão do doutorado, Felipe irá para um pós-doutorado na Universidade de Sorbonne, em Paris, na França, realizando seu desejo de voltar para a Europa, tanto pela experiência acadêmica que já teve por lá, quanto pela pessoal. “Tenho familiaridade com o ambiente e comecei a namorar uma alemã”, contou.
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