Em O Globo, histórias de medalhistas da OBMEP
Reprodução do jornal O GLOBO
RIO E SÃO PAULO — O capixaba Luciano Fabio Busatto Venturim, de 19 anos, viu sua vida mudar após suas participações, que culminaram em seis premiações, na Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP). Além de diversas experiências e o contato com um mundo de pesquisa, ele ganhou uma bolsa de estudos e de custo para cursar Economia na FGV, no Rio.
A competição de matemática já mudou a vida de muitos outros jovens no país. A partir deste ano, o público que poderá participar dela aumenta. O Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) anunciou nesta terça-feira a inclusão de estudantes dos 4º e 5º anos do ensino fundamental na OBMEP, já em curso para alunos dos 6º ao 9º anos do fundamental e dos três anos do ensino médio. Com isso, o Impa espera identificar ainda mais cedo talentos na disciplina.
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De viagem de avião à bolsa de estudos
No sétimo ano, Luciano recebeu uma menção honrosa; uma medalha de bronze no ano seguinte e uma de ouro, no nono ano. Ao longo do ensino médio, foram três medalhas de prata. Além dos prêmios, ele passou a colecionar histórias também.
— A maioria das coisas na minha vida aconteceu por causa da OBMEP. A primeira viagem de avião para outro estado sozinho, participaç ão em pesquisa pelo programa de iniciação científica… E o contato com uma matemática mais interessante do que a da sala de aula, que desperta mais interesse do aluno — conta ele, que é de Venda Nova do Imigrante, no Espírito Santo. — Antes da OBMEP, eu ia bem em matemática, me interessava, mas não passava disso.
No terceiro ano do ensino médio, em 2016, Luciano recebeu uma ligação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), que o convidou para participar de um projeto, o Centro para o Desenvolvimento da Matemática e Ciências, para alunos que tiveram bom desempenho na Olimpíada. A intenção do projeto era convidá-lo para o vestibular. Se passasse, o jovem receberia uma bolsa de estudos e uma ajuda de custo para se manter no Rio.
— Entrei no primeiro semestre de 2017. A vida mudou bastante, morava em uma cidade de 25 mil habitantes, do interior. Hoje moro com mais cinco pessoas, todos alunos do mesmo projeto — diz Luciano. — A longo prazo, quero fazer algo relacionado a políticas públicas. Pretendo cursar um mestrado e um doutorado, talvez fora do país, que são essenciais, principalmente em Economia. Mas nada definido ainda.
Em busca do sonho
Nos últimos sete anos, 999 beneficiários do Bolsa Família foram medalhistas, segundo levantamento do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS). Um deles é Luiz Vasconcelos Júnior, de 17 anos, de São Luís de Montes Belos, em Goiás. Depois de ganhar seis medalhas, recebeu uma bolsa em uma escola particular no Rio de Janeiro, onde agora estuda para realizar o sonho de cursar Engenharia Aeronáutica em um dos institutos mais bem avaliados do país.
Da primeira vez que participou, aos 11 anos, Luiz ganhou uma medalha de bronze. Nos cinco anos seguintes, mais cinco premiações: outra de bronze, duas de prata e duas de ouro. O desempenho chamou a atenção do Colégio PH, que ofereceu a ele uma bolsa, incluindo alojamento e auxílio em despesas básicas. O estudante faz parte de uma turma focada especialmente nas provas do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e do Instituto Militar de Engenharia (IME).
— A OBMEP com certeza mudou a minha vida. Tudo o que eu consegui foi em virtude da minha primeira medalha. Eu sempre gostei de matemática, desde que eu era pequeno, mas nunca tinha visto uma matemática tão diferente. Um pouco mais difícil, mas também mais criativa — comemora.
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