Navegar

30/07/2021

'Colóquio mostra vitalidade da matemática brasileira', diz Dan

Se não fosse pelo Colóquio Brasileiro de Matemática, a carreira do pesquisador do IMPA Dan Marchesin, fundador do laboratório de dinâmica dos fluidos do instituto, poderia ter tomado um rumo bem diferente. Sua primeira participação no evento despertou nele um encantamento pela disciplina que foi o pontapé para que ele mudasse de área. “Iria me tornar físico e decidi virar matemático. Outras pessoas também me influenciaram. Mas o Colóquio pesa bastante, porque mostra a vitalidade da matemática brasileira e um pouquinho do que tem lá fora também”, conta. 

O pesquisador lembra com carinho de sua estreia no encontro, quando ele ainda era realizado em Poços de Caldas, Minas Gerais, e contava com poucas centenas de participantes. “Era muito legal porque a gente passava 24 horas por dia no Colóquio. Talvez dormíamos, mas dormíamos no hotel, dividindo quartos com outros coloquiantes. Era muito intenso, socialmente além de matematicamente.”

Leia mais: Luiz Gustavo Nonato: a ciência de dados no combate à violência
Na Folha, Viana fala de uma importante descoberta de Gauss
IMPA seleciona programadores em JAVA e PHP

Realizado pela primeira vez em 1957, as primeiras edições do encontro tinham um aspecto mais educacional, diante da necessidade de formar jovens matemáticos e dar a eles uma orientação inicial. Com o passar dos anos, a organização acompanhou a evolução da matemática brasileira e tornou o evento mais científico, através de uma internacionalização parcial da reunião. A partir da 19ª edição, a programação passou a contar com palestras plenárias proferidas por matemáticos de renome internacional, o que despertou o interesse de cada vez mais participantes.

Com o aumento considerável de inscritos de todo o país e de outras partes do mundo, o Colóquio foi levado para a sede do IMPA, no Jardim Botânico, em 1987. Para Marchesin, a marca registrada do evento passou a ser o movimento intenso de estudantes e pesquisadores transitando e interagindo nos corredores do instituto. “É um ótimo lugar para fazer contato com outros matemáticos, o que é muito importante. Está todo mundo reunido lá, tem um cafézinho no corredor… Mesmo que eu esteja ocupado, procuro passear nos corredores para conversar com as pessoas, conhecer colegas e rever outros”, compartilha.

O pesquisador ressalta o potencial do Colóquio de fazer germinar novas e promissoras linhas de pesquisa na matemática nacional. Para a 33ª edição do evento, realizada em formato virtual, Marchesin preparou um curso introdutório sobre epidemiologia matemática e organizou uma mesa redonda sobre perspectivas de colaboração interdisciplinar na área. “A pesquisa em dinâmica dos fluidos no Brasil, por exemplo, despontou com o Colóquio. Espero que nessa edição aconteça o mesmo com a epidemiologia matemática, área na qual poucos profissionais atuam no país. Preparamos um curso bilíngue com esta intenção.”

As aulas do curso de epidemiologia matemática já estão disponíveis no YouTube do Colóquio. Para acompanhar este e outros cursos e palestras do evento, inscreva-se no canal!

Leia também: Temos que olhar para a diversidade regional, diz Salazar
Doutora em matemática é ouro em ciclismo na Olimpíada