Karen Uhlenbeck defende apoio entre mulheres cientistas
A matemática Karen Uhlenbeck enfrentou bastante resistência no início da trajetória profissional, em um meio dominado por homens, e acredita que as cientistas devem dar suporte umas às outras. Em entrevista organizada pelo Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Matemática (INCTMat), a pesquisadora norte-americana, única mulher a conquistar o Abel Prize, falou sobre os desafios das mulheres na ciência, as colaborações com países da América Latina, além da sua carreira acadêmica e pesquisa. O evento online, que contou com o apoio do IMPA, está disponível na íntegra pelo YouTube. A entrevista foi conduzida pelas professoras Jaqueline Mesquita (UnB), María Amelia Salazar (UFF), Miriam da Silva Pereira (UFPB) e pela estudante de pós-graduação Patrícia Ewald (USP-SP).
Professora emérita da Universidade do Texas, em Austin (EUA), e pesquisadora sênior visitante da Universidade Princeton e do Instituto para Estudos Avançados (IAS), Karen transformou o cenário da matemática com o trabalho em análise geométrica e teoria de calibre. Ao longo de sua trajetória, recebeu uma série de prêmios e reconhecimentos, entre eles o Abel Prize. A pesquisadora também é vista como um modelo na defesa pela igualdade de gênero na ciência e na matemática. Ela foi uma das fundadoras do The Women and Mathematics Program, criado na década de 1990 para recrutar mulheres em pesquisas matemáticas em todas as fases da carreira.
Karen contou que, por ser mulher, enfrentou bastante resistência no início da trajetória profissional. Mas também se beneficiou da luta do movimento feminista da época e do interesse do governo americano em investir em matemática e ciência depois que a Rússia lançou, em 1957, o primeiro satélite em órbita, o Sputnik, em plena Guerra Fria.
“O governo acreditava que incentivar a pesquisa nessa área era tão importante que disse ‘queremos até mesmo mulheres e minorias’. Nos anos 70 e 80, eu era a única mulher professora em um dos principais departamentos de matemática nos Estados Unidos, e sentia falta de apoio. Por isso, achei que deveria ajudar outras profissionais que também estavam muito isoladas. Quando eu fui para a Universidade do Texas, imediatamente formei um grupo com todas as mulheres de matemática, engenharia e ciência. Para mim, o ponto principal é: não tente resolver o problema sozinha”, defende a norte-americana.
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Na entrevista, a pesquisadora falou também da relevância do IMPA para o estudo da matemática no Brasil e na América Latina. “Desde cedo, eu sempre pensei no Brasil como um importante lugar para se fazer matemática, em particular o IMPA. Eu estudava Análise Global, que inclui Sistemas Dinâmicos, e o IMPA era um local muito relevante no estudo dessa área”, relembra.
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