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29/06/2023

Pesquisador do IMPA vai ser apoiado pelo Serrapilheira

 

O pesquisador do IMPA Felipe Gonçalves foi um dos 32 cientistas escolhidos para ter seu projeto de pesquisa financiado pelo Instituto Serrapilheira em parceria com a Faperj. Ele foi selecionado pela 6ª chamada pública de apoio à ciência do Serrapilheira e vai receber R$ 700 mil a serem usados durante cinco anos.

Ao todo, vão ser investidos R$ 22 milhões em projetos de jovens pesquisadores nas áreas de ciências naturais (física, química, geociências e ciências da vida), matemática e ciência da computação. O valor total é fruto de uma parceria entre o Serrapilheira e fundações de amparo à pesquisa estaduais (FAPs), que vão financiar parte dos grants a cientistas de seus respectivos estados.

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O projeto de Felipe Gonçalves, ‘Qual é o arranjo mais eficiente de esferas em várias dimensões?’, busca encontrar a melhor configuração de esferas em um espaço multidimensional a fim de cobrir a maior proporção do espaço. Em entrevista ao IMPA, Gonçalves exemplifica como funciona seu estudo. Confira abaixo! 

O pesquisador relatou que ficou muito honrado e feliz ao receber a notícia que seu projeto será financiado. Ele também destacou que o apoio financeiro à ciência é imprescindível para o avanço científico e para a formação dos alunos.

Além do pesquisador do IMPA, Francisco Vanderson Moreira de Lima (UFGRS), Mauricio Jose Poletti Merlo (UFC), Ramon Moreira Nunes (UFC) e Renata Rojas Guerra (UFSM) também foram contemplados na área de matemática. Para conferir a lista completa dos cientistas, acesse o link

Os contemplados vão receber entre R$ 200 mil e R$ 700 mil, a serem usados durante cinco anos. Eles também terão acesso a recursos extras – até 30% do grant recebido – para investir como bônus da diversidade. 

O Serrapilheira ressaltou que a 6ª chamada valorizou especialmente projetos de pesquisa arriscados, e pediu que os candidatos detalhassem como suas escolhas poderiam dar errado e o que eles pretendiam fazer caso isso ocorresse. A premissa é a de que a ciência avança mais quando assume riscos.

Os pesquisadores do IMPA Vinicius Ramos, Luna Lomonaco e Jethro Van Ekeren também são apoiados pelo instituto. E o diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana, preside o Conselho Científico do Serrapilheira. 

Confira a entrevista completa com Felipe Gonçalves:

IMPA: Como foi receber a notícia que o seu projeto foi um dos escolhidos para ser financiado?

Felipe Gonçalves: Fiquei extremamente feliz e honrado por meu projeto ter sido escolhido, e também muito contente que dos últimos seis candidatos dentro da área de matemática, cinco foram escolhidos. Isso mostra, que pelo menos esse ano, o apoio à matemática veio com grande peso. Apoio financeiro à ciência em geral, seja de fontes privadas ou públicas, é imprescindível para o avanço tecnológico do país e formação de novos pesquisadores. Agradeço ao Serrapilheira e as FAPs pelo apoio.

I: Como começou a sua trajetória com a pesquisa e a matemática?

F: Minha trajetória acadêmica começou bem conturbada. Até os 17 anos não tinha ideia que queria fazer matemática. Entrei na graduação em Engenharia Elétrica, troquei para Ciência da Computação e finalmente fui para a Matemática na UFRJ. Foi somente depois de ter entrado no mestrado no IMPA, que me encantei pela mágica por trás da matemática. Durante o mestrado eu era apenas um bom aluno, nada excepcional comparado com alguns dos meus colegas acadêmicos. Após uma imensa quantidade de horas estudando que consegui ser bem sucedido na matemática e superar o talento deles por força bruta. Ou seja, se tem uma palavra definindo minha trajetória científica é: disciplina.

I: Você pode nos contar um pouco mais sobre o projeto ‘Qual é o arranjo mais eficiente de esferas em várias dimensões?’? 

F: Meu projeto é bem simples: Eu te dou infinitas cópias de uma laranja multidimensional, e peço para você empilhar essas laranjas em um supermercado multidimensional. O gerente desse mercado ordena que você faça isso da maneira mais eficiente possível, caso contrário, você é demitido. Se você vive em alguma dimensão diferente de 1, 2, 3, 8 ou 24, você é demitido instantaneamente. Não tem jeito, ninguém sabe fazer isso. Meu projeto propõe garantir o seu emprego nas dimensões 4, 5, 6 e 7. Maryna Viazovska ganhou a medalha Fields em 2022 por salvar o emprego de todos nas dimensões 8 e 24. Fico muito satisfeito com o apoio financeiro recebido, que foi conquistado com os frutos do meu trabalho e de meus colaboradores, aos quais devo muito. 

Todavia, ainda estou extremamente frustrado, pois tenho tentado resolver os problemas que propus no meu projeto há anos e somente nos últimos meses que tenho visto uma luz no final do túnel. Fico feliz que o instituto Serrapilheira comprou a minha briga, mas agora é só o começo de um longo e árduo trabalho. Queria aproveitar essa entrevista para deixar uma mensagem para os alunos. Se você sonha chegar em algum lugar na sua carreira, talento não é suficiente, disciplina e dedicação vencem talento.

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