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13/10/2017

Pesquisa de doutor do IMPA ganha o Prêmio Capes de Tese

O ano tem sido de muitas recompensas para Felipe Ferreira Gonçalves. Mestre e doutor pelo IMPA, o professor assistente da Universidade de Alberta, em Edmonton (Canadá), foi novamente reconhecido pela tese “Extremal Problems, Reconstruction Formulas and Approximations of Gaussian Kernels”.

O trabalho orientado pelo pesquisador do IMPA Emanuel Carneiro, que venceu em agosto o Prêmio Gutierrez 2017, destinado à melhor tese em Matemática defendida no Brasil, agora ganhou o Prêmio Capes de Tese 2017 na categoria Matemática/ Probabilidade e Estatística.

Além do reconhecimento pelo trabalho, Gonçalves receberá uma bolsa para cursar o pós-doutorado em uma instituição de ensino brasileira. Mas as recompensas não param por aí. A tese ainda concorre ao Grande Prêmio Capes de Tese, que será dado para a melhor tese selecionada entre as vencedoras de todas as áreas.

O trabalho  apresenta contribuições inéditas nas áreas da Análise Harmônica e Complexa, além de ter aplicações na Teoria da Aproximação, na Teoria Analítica dos Números, na Análise Funcional e em Probabilidade.

Ao todo, o jovem matemático resolveu seis problemas de Matemática Pura. “Dei a sorte de conseguir resolver um atrás do outro. Foi uma surpresa para o meu orientador ver que meus problemas saíram assim, com certa facilidade. ‘Facilidade’ essa que levei quatro anos trabalhando arduamente.”

Embora tenha conseguido respostas, a aplicação das soluções de Felipe Gonçalves nem sempre ocorrem facilmente.

Trajetória de sucesso

Antes de conquistar os dois prêmios, a tese de Felipe Gonçalves já tinha vencido uma concorrência interna no IMPA. Escolhido o melhor trabalho dos alunos de doutorado, só assim pôde ser indicada ao Prêmio Capes.

Meio sem jeito, o matemático reconhece o fato, mas valoriza as teses de seus pares. “Não gosto de dizer que fui [autor] da melhor tese do IMPA, mas de uma das melhores. Vários alunos fizeram teses excelentes. É muito difícil com concorrer com os pesquisadores do IMPA.”

Surpreso com a nova premiação, ele diz acreditar que esse reconhecimento se deva ao fato de ter abordado assuntos diferentes no trabalho e ter tido a sorte de conseguir resultados em diversas subáreas.

“Quando fiz a tese não estava pensando em ganhar prêmio, mas fazer o meu melhor. Fico muito feliz e muito honrado com esses prêmios.”

Para o orientador, o principal diferencial do trabalho de Gonçalves vai além da tese que, segundo ele, “faz importantes progressos em diferentes tópicos matemáticos”. O destaque seria, especialmente, o fato de o ex-aluno ter se dedicado a produzir e publicar artigos relevantes em destacados jornais científicos ainda durante a pós-graduação.

“Metade desses artigos foram produzidos em colaboração com pesquisadores de universidades internacionais. A outra é de projetos-solo. Esse é o diferencial. Mostra que ele tem capacidade para colaboração e independência e maturidade para trabalhos individuais”, diz Carneiro.

Gonçalves afirma que a tese passou a chamar atenção em razão dos seis artigos científicos relacionados à sua pesquisa publicados em renomados jornais matemáticos, como Mathematische Zeitschrift, Journal of Functional Analysis e Transactions of the American Mathematical Society, entre outros.

“Consegui publicar artigos em jornais bons e relevantes nas diferentes áreas da Matemática que abordei na tese. Como os trabalhos tratam diferentes temas, isso atraiu olhar para minha tese e, por isso, devo ter ganhado esses dois prêmios.”

Apaixonado pela incerteza

Com o objetivo de pesquisar em centros internacionais, o vencedor do Prêmio Capes destaca a necessidade de os doutorandos no Brasil investirem na publicação de seus trabalhos científicos em jornais de renome. Para ele, essa prática é imprescindível para aqueles que almejam uma carreira no exterior.

“No começo da carreira, principalmente na transição entre o doutorado e o pós-doc, a quantidade de artigos é tão importante quanto a qualidade. Isso ajuda muito a conseguir vagas fora do país”, observa.

Com a bolsa garantida pela Capes para cursar o pós-doutorado em uma universidade nacional, Gonçalves ainda analisa as possibilidades, mas diz gostar dessa incerteza sobre seu futuro.

Professor assistente na Universidade de Alberta, ele teria de permanecer três anos no Canadá, ou seja, até 2019. Disposto a empreender em outras áreas, afirma que está deixando a chamada “zona de conforto” para pesquisar em novas direções.

“Quando tiver 38 anos ficarei em apenas uma área. Por enquanto, vou explorar o maior número possível de coisas diferentes. Resumindo: meu futuro é incerto, mas adoro a incerteza e de estar procurando coisas noivas”, conclui.