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23/09/2020

Na Folha, Viana relembra descoberta da Pedra de Roseta

Napoleão Bonaparte, na campanha do Egito, foi acompanhado por grande número dos melhores cientistas do seu tempo. Imagem: Jacques Louis David/Wikimedia Commons

Reprodução da coluna de Marcelo Viana, na Folha de S.Paulo

Em 1798, o jovem e ambicioso general francês Napoleão Bonaparte atravessa o Mediterrâneo com seus exércitos, a caminho da cidade de Alexandria. O objetivo é conquistar o Egito, visando bloquear o acesso da rival Inglaterra à Índia. Apesar dos êxitos iniciais, a expedição é um fracasso militar. Derrotado pela coalisão de britânicos e otomanos, Napoleão regressa às escondidas à França para entrar na luta política, largando os soldados para voltarem como pudessem.

Mas em outro nível a campanha do Egito constituiu um enorme sucesso. Homem de visão, o futuro imperador fez-se acompanhar na expedição por grande número dos melhores cientistas do seu tempo, cujas descobertas tiveram impacto profundo na ciência e tecnologia da Europa.

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A descoberta mais famosa foi, sem dúvida, a da chamada Pedra de Roseta, fragmento de estela granítica encontrada em julho de 1799 por um oficial francês, próximo à cidade de Roseta. Nela estavam gravadas três versões de um mesmo texto, um decreto promulgado em 196 a.C. pelo faraó Ptolomeu V: uma versão em grego e duas em egípcio, na escritas demótica e hieroglífica.

Era o primeiro exemplo conhecido de texto egípcio multilingue e atraiu enorme interesse. Cópias em pedra e moldes em gesso foram rapidamente produzidos e circulados. Quando os franceses assinaram o ato de rendição, em Alexandria em 1801, uma das condições impostas pelos britânicos foi a entrega da Pedra de Roseta, que foi levada para Londres. Lá se encontra até hoje, no British Museum, apesar dos pedidos das autoridades egípcias para que seja devolvida à origem.

O conhecimento da escrita hieroglífica do antigo Egito foi perdido no início da nossa era, quando o país se tornou mera província do império romano, e à época da campanha napoleônica constituía um dos mais intrigantes mistérios científicos. Como o grego antigo era bem conhecido dos especialistas, a Pedra de Roseta forneceu a chave para resolver o mistério. Isso foi finalmente alcançado em 1822 quando o filologista francês Jean-François Champollion publicou as traduções das duas versões egípcias do texto, a partir da comparação com o grego.

Até então se acreditava que todo hieroglifo seria um ideograma, ou seja um símbolo representando por si só, um objeto ou uma ideia. Mas o estudo da Pedra de Roseta mostrou que os egípcios também usavam símbolos fonéticos, como as nossas letras. Outros textos multilingues foram encontrados depois, mas a Pedra original tem papel histórico fundamental. A tal ponto que a expressão “pedra de roseta” é usada como sinônimo de chave para resolver um problema científico.

Para ler o texto na íntegra acesse o site do jornal

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