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11/02/2022

Meninas Olímpicas do IMPA terá 2ª edição, alcançando 10 escolas

Alunas da 1ª edição Meninas Olímpicas do IMPA em visita à Casa Firjan, em 2019.

O IMPA promove, a partir de março, a segunda edição do projeto Meninas Olímpicas do IMPA. A iniciativa busca estimular a participação de meninas entre 14 e 17 anos em olimpíadas de matemática e no campo das exatas em geral, com o objetivo de aumentar a presença feminina em áreas, como matemática, computação e engenharia. 

A desigualdade de gênero na ciência é um problema mundial. Dados da Unesco estimam que apenas 30% das cientistas do mundo sejam mulheres. No Brasil, as mulheres representam menos de um terço (26%) dos profissionais do mercado de STEM (Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, na sigla em inglês), segundo estudo coordenado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Para alertar para essa realidade e incentivar a presença feminina nessas áreas, a ONU criou o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, comemorado nesta sexta-feira (11).

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Atento a este cenário, o IMPA investe em programas de estímulo à inclusão. A novidade desta edição do Meninas Olímpicas do IMPA é que o projeto dobrou de tamanho, e alcançará 10 escolas de diferentes regiões do Rio de Janeiro. “O primeiro projeto Meninas Olímpicas do IMPA, liderado pela professora Letícia Rangel, foi um sucesso espetacular. Os depoimentos das participantes são muito encorajadores quanto ao que pode ser alcançado na promoção da presença ativa das mulheres no mundo da ciência, por meio de iniciativas como esta. Por isso, nesta nova edição decidimos ser ainda mais ambiciosos: vamos dobrar o escopo do projeto, trabalhando com um total de 10 escolas”, comenta o diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana.

Reunião de preparação da 2ª edição do Meninas Olímpicas do IMPA

Em cada uma das escolas participantes, o projeto se desenvolverá sob a responsabilidade de um professor da unidade e o acompanhamento de uma licencianda em matemática ou de uma graduanda da área de exatas. Entre as atividades previstas para esta edição, apoiada pela Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro), estão laboratórios, rodas de conversa, painéis, desafios das olimpíadas e oficinas de matemática, computação e robótica, além de debates sobre questões de estereótipos de gênero. As alunas vão participar ainda de palestras com profissionais da área e visitas a instituições renomadas no ensino e pesquisa. 

Professora aposentada do Colégio de Aplicação da UFRJ e coordenadora do projeto, Letícia Rangel acredita que a iniciativa tem potencial para mitigar a desigualdade de gênero na ciência. “Se podemos mudar esse cenário, é na educação. É nesta etapa, entre os 14 e 17 anos, que os indivíduos começam a construir sua identidade e pensar nas suas escolhas profissionais. E as meninas precisam se sentir confiantes para tomarem esta decisão. Acredito que um projeto que alcance as meninas, as escolas, as famílias e que envolva a formação de professores é um caminho potencialmente forte para intervir no cenário.”

Participantes da 1ª edição voltam às suas escolas para implementar o projeto 

Os efeitos da iniciativa já estão sendo sentidos. Algumas participantes da primeira edição do projeto, em 2019, estão, atualmente, cursando a graduação nas áreas de exatas nas melhores universidades da cidade. É o caso de Anna Luisa Sá, de 19 anos, que estuda Engenharia na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro). 

“Gostava de robótica desde criança, mas não conseguia me visualizar fazendo isso profissionalmente. Achava que era muito complexo para mim e que estava muito fora do meu alcance. Com o Meninas Olímpicas do IMPA percebi que era muito mais tangível do que eu pensava. Conheci pesquisadores de exatas, comecei a frequentar eventos e conhecer mais a fundo as áreas de pesquisa da robótica”, conta.

Assim como outras alunas que participaram em 2019, Anna Luisa vai voltar ao projeto nesta edição, desta vez para ajudar a implementá-lo na unidade do Humaitá do Colégio Pedro II, escola em que estudou. “Estou muito animada para participar como graduanda. Espero poder colaborar bastante na área de robótica. Já estou desenvolvendo algumas apostilas com material didático e exercícios”, compartilha a jovem, que integra a MinervaBots, equipe de robótica da UFRJ.

Graduanda em física médica na UFRJ, Fernanda Toledo conta que a experiência de ter participado do MOI como aluna em 2019 foi essencial para que pudesse expandir seus horizontes profissionais. A visita ao centro tecnológico da UFRJ, proporcionada pelo projeto, foi um dia marcante para a estudante. “Conhecemos as incubadoras das empresas, e várias das pesquisadoras que tocavam os projetos eram mulheres, com cargos super importantes. Me apaixonei por aquele ambiente”, relembra.

Com atividades que abordam diretamente a questão da representatividade feminina na ciência, o MOI também ajudou Fernanda a conhecer contribuições das mulheres para a área. “Sempre olhava para a ciência e via nomes de grandes pesquisadores homens, como Newton. Lembro que uma das primeiras atividades era pesquisar contribuições de mulheres, e encontrei várias coisas que não sabia que tinham sido criadas por mulheres, como o GPS, o algoritmo, e até mesmo a primeira foto do buraco negro.”

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