IMPA e IMS firmam parceria com foco em acervo fotográfico
Karine Rodrigues
Imagine passear por uma rua do Ouvidor repleta de perfumarias, vitrines com a última moda em Paris, cafés e confeitarias, em um vai e vem sem esbarrões, entre cartolas e coques adornados, como a registrada por Marc Ferrez em 1890. Graças a uma parceria com o IMPA, novas formas de fruição do inestimável acervo fotográfico do Instituto Moreira Salles (IMS) surgirão, como, quem sabe, experiências imersivas em espaços icônicos da história do Rio de Janeiro.
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Prestigiados nas áreas em que atuam, IMPA e IMS assinaram, nesta segunda-feira (25), um termo de colaboração para pesquisas, passo promissor que há de mostrar o quão produtiva e valiosa pode ser a intersecção entre institutos que se dedicam à Matemática e à cultura.
A colaboração acontecerá por meio do Visgraf, Laboratório de Computação Gráfica do IMPA – criado em 1989, com ampla expertise na área e uma série parcerias nacionais e internacionais com renomadas instituições -, e a Coordenação de Fotografia do IMS.
Com 2 milhões de imagens,o acervo reúne uma das mais importantes coleções do século 19 no Brasil, incluindo a do pioneiro Marc Ferrez (1843-1923), principal fotógrafo do período. Possui, ainda, relevantes arquivos de quase todo o século 20 e a prioridade de incorporar registros do século atual.
Diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana louvou a convergência entre as duas instituições. O coordenador do Visgraf, Luiz Velho, considerou a parceria um caminho para validar e transferir à sociedade o trabalho desenvolvido no IMPA. “É uma forma de potencializar a cultura do Brasil. A coleção do IMS é inestimável e, sinceramente, a gente pode fazer coisas sem precedentes”, disse, estimando que o acordo de colaboração há de ser de longo prazo.
O superintende executivo do IMS, Flávio Pinheiro, observou que, diante do volumoso acervo da instituição, é inexorável pensar no impacto causado pelas novas tecnologias. “É um trabalho imenso e um caminho que a gente precisava desbravar. Acho que o georreferenciamento é um começo, algo importante, mas há coisas insuspeitadas pela frente, como o que a inteligência artificial e machine learning podem fazer com as imagens.”
Plataforma permite experiência imersiva
Dedicado à Matemática computacional aplicada à mídia, área marcada pela integração, o Visgraf realiza pesquisas em campos diversos, como visualização e processamento de imagem, animação e multimídia e realidade virtual e aumentada, com projetos que passam pela elaboração de narrativas audiovisuais, sistemas de realidade virtual, plataformas de monitoramento e visualização de dados, entre outros.
Para quem ainda estranha a ligação entre a Matemática e a fotografia, vale saber que algoritmos podem ser desenvolvidos, por exemplo, para se extrair informações a partir de imagens. Técnicas podem permitir que computadores reconheçam faces ou objetos em bancos de dados de grandes dimensões, como o do IMS.
“Essencialmente, você tem um modelo matemático que é uma abstração de representações de algum tipo, e tudo gira em torno disso. A área em que a gente trabalha no Visgraf vai desde coisas muito técnicas, como essa parte de super-resolução, pegar uma imagem e conseguir ampliá-la além do limite que a foto foi captada pelo equipamento, até analisar a imagem e entender como articulá-la em outros contextos. Uma foto tem metadados que podem ser referenciados”, observou Velho.
Pelo acordo, o IMPA cedeu em comodato ao IMS um equipamento único no Brasil, desenvolvido pelo Google, que combina vários aplicativos para visualização de conteúdo. O Liquid Galaxy é uma plataforma constituída de telas com ângulo de cerca de 180 graus que permitem uma visão panorâmica de vídeos e fotos, possibilitando tours interativos, em um ambiente imersivo em 3D. Ele será usado em pesquisas e demonstrações, adiantou Velho, a respeito da inovação doada ao IMPA pela empresa americana End Point e já transferida à Reserva Técnica Fotográfica do IMS, na Gávea, zona sul carioca.
Sobre o equipamento, Sergio Burgi, coordenador de fotografia do IMS, destacou o enorme potencial de interação quando se reúne, em uma plataforma comum, várias bases de dados, como fotografias e cartografias, entre outras. “São muitas as possibilidades ainda não são efetivas nos acervos. É um desafio absurdamente novo no campo do processamento da informação conciliar metadados intelectuais e técnicos”, enfatizou.
A gestão da parceria será acompanhada pela pesquisadora assistente do Visgraf, Julia Giannella, e pelo assistente técnico da Coordenação de Fotografia do IMS, Bruno Buccalon. Com o acervo notável do IMS e os recursos do IMPA, a colaboração há de ser longa e produtiva, estima Velho.
“Vai funcionar muito bem e com rigor científico. Acho que estamos em um momento holístico da humanidade, de junção das ciências, exatas e sociais. Este tipo de parceria que estamos fazendo aqui é inovadora. O céu é o limite”, concluiu, animado, o coordenador do Visgraf, sobre os resultados do acordo.
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