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02/08/2018

'Nunca ouvi falar de nenhuma mulher matemática famosa'

A matemática em florescimento Fabíola Loterio (18) recebeu sua terceira medalha de ouro na cerimônia de abertura da OBMEP no ICM 2018 na tarde desta quinta-feira (2) junto com um prêmio especial do IMPA pelo melhor desempenho no país entre as meninas de seu nível. A estudante de matemática de 18 anos veio do Espírito Santo para o ICM, experiência que ela descreve como uma “honra”.

“Foi tão emocionante, é uma grande honra estar aqui neste evento internacional”, disse a menina, filha de agricultores do interior do estado”, disse, antes de receber seu prêmio prestigioso.

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Fabíola é trigêmea e suas outras irmãs também já receberam medalhas no passado. As três estão atualmente estudando matemática na UFES, mas Fabíola disse que viu pouco na escola para estimular meninas para estudar matemática.

“Nunca ouvi falar de nenhuma matemática mulher famosa quando estava na escola. Sempre parecia que matemática é uma coisa para meninos. Desde o início, perdemos o estímulo para seguir nessa área e isso só aumenta com o tempo. Só ouvimos falar de matemáticos homens e parece que matemática não é para nós.”

A experiência de Fabíola se reflete em estatísticas, afirmou Claudio Landim, coordenador da OBMEP e diretpr-adjunto do IMPA. Ele declarou que na primeira fase da competição há uma divisão de 50% entre os gêneros. Entretanto os rapazes representam 70% dos medalhistas de 10 a 12 anos e 90% dos ganhadores de 16 a 18 anos.

“Alguma coisa acontece entre 12 e 16 anos que ainda não entendemos. Por que meninas têm desempenho pior quando chegam a esta idade?”, ele se pergunta. Não há estudos para explicar este fenômeno mas o coordenador da OBMEP admite que seria interessante explorar este tema. “É uma questão muito interessante que deveria ser estudada por cientistas sociais para ver o que acontece na adolescência.”

Na terça, no início do ICM 2018, aconteceu o primeiro Encontro Mundial de Mulheres Matemáticas (WM)² que reuniu mais de 500 participantes. Yolanda Silvia Ayala, que veio de Lima (Peru) para o (WM)² e o ICM disse que é importante que as mulheres se unam. “Se as mulheres ficarem em silêncio, nunca seremos ouvidas. Precisamos marcar nossa presença em eventos como este.”