Danielle Nunes defende tese de doutorado no IMPA
Foi no Ensino Médio que Danielle Nunes foi fisgada pela matemática. Diversas vezes provocada a escolher outro caminho, ela se manteve firme em sua escolha e agora colhe frutos de mais uma etapa. Danielle defende, na próxima terça-feira (30), na sala 232 do instituto, a tese de doutorado “Comensurabilidade e mutações de poliedros hiperbólicos”, com transmissão pelo YouTube do IMPA a partir das 13h.
Sob orientação do pesquisador do IMPA Mikhail Belolipetsky, Danielle utilizou decomposições máximas de poliedros de Coxeter para provar que no caso de dois poliedros serem não aritméticos, quando as decomposições máximas deles têm volumes diferentes, eles não podem ser comensuráveis. Ela também explorou a aplicação deste resultado para responder a uma questão em aberto sobre a comensurabilidade de certos pares de poliedros mutantes.
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“Durante a pesquisa buscamos um invariante por comensurabilidade que não fosse um dos algébricos já conhecidos, encontramos então um invariante geométrico por comensurabilidade, durante o processo acabamos também encontrando dois outros resultados que conversam com a teoria. Também conseguimos dois outros resultados, e criamos uma definição para gerar um caminho para a sequência de caminhos neste ciclo de definições.”, explicou Danielle.
Formada em matemática (licenciatura e bacharelado) pela UFF (Universidade Federal Fluminense) e mestre pela mesma universidade, Danielle já havia participado do Curso de Verão do IMPA, e a escolha para o doutorado veio por conhecer a excelência do Instituto. “Para mim, o IMPA é um símbolo nacional do prestígio da matemática, além da estrutura daqui ser fantástica”, disse. “Sempre me disseram que realizar o doutorado no IMPA seria extremamente difícil, então estar aqui é a realização de um sonho”, completou.
Ela conta que a visão de sua família em relação à matemática foi transformada após o pesquisador do IMPA Artur Avila ganhar a medalha Fields. “Quando Artur ganhou a medalha Fields, a noção da minha família sobre a matemática mudou bastante, e nesse momento eu já estava no final da graduação. Então, foi legal como uma matemática ver essa mudança de perspectiva”, contou Danielle.
Quando estava na escola, ela já tinha curiosidade e interesse sobre os fundamentos matemáticos. A vontade em entender o ‘porquê’ da lógica na matéria fizeram com que Danielle ficasse cada vez mais interessada na matemática e seus padrões. Apesar disso, ela conta que mesmo seus professores de matemática ao reconhecerem quão boa ela era na matéria, sugeriam que ela tentasse outro caminho. “Minha professora de física chegou a me dar um livro dela e pedir que eu escolhesse alguma engenharia”.
Além disso, Danielle já atuou corrigindo provas da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), e adorava acompanhar o desenvolvimento e interesse de alunos tão jovens pela matemática.
“É legal quando consigo, de alguma forma, transmitir para pessoas da minha família, por exemplo, o que eu faço. Conseguir fazer pessoas que não entendem, compreender sobre o assunto é algo que eu gosto”, finalizou Danielle.
A jovem inclusive, no futuro planeja conciliar a carreira de pesquisadora com a atuação de professora (embora ainda não saiba se atuará no ensino básico ou superior), já que gosta e se sente feliz ao explicar de forma simples assuntos complexos que envolvem a matemática.
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