24/01/2024

'Quais os limites da IA?', questiona Beauclair em palestra

Em 2023, o termo “AI” foi um dos mais buscados na internet em todo mundo porque a Inteligência Artificial (IA), finalmente, se tornou dinâmica suficiente para ser utilizada popularmente. Chat GPT, Mid Journey, Bard e Copilot são só algumas das ferramentas de IA que tiveram destaque no ano. Roberto Beauclair, tecnologista e gerente de Tecnologia da Informação do IMPA, apresentou, nesta quarta-feira (24), uma palestra no instituto onde trouxe luz em assuntos importantes que permeiam a Inteligência Artificial após sua popularização.

Entre os temas abordados, estão o funcionamento das novas tecnologias, limites legais de uso, direitos autorais e problemas relacionados a deep fakes e utilização indevida de áudios e imagens envolvendo pessoas que já morreram e conteúdos impróprios.

O que é IA Generativa?

A IA Generativa é um ramo de tecnologia da Inteligência Artificial utilizada para a geração de conteúdos dos mais variados tipos, como áudios, imagens, vídeos e textos. Essas criações são formuladas correspondendo a interação feita pelo usuário de acordo com as solicitações feitas no prompt.

Essas ferramentas são treinadas para funcionarem da forma mais assertiva possível, considerando modernas técnicas como machine learning, deep learning, e diffusion models.

“Machine learning funciona como uma caixa-preta, então a forma como a Inteligência é treinada vai ditar como ela responde e interage”, explicou Beauclair.

Ele destacou que as IA Generativas aprendem por meio de Large Languege Models (LLMs), e, utilizam algoritmos para processar e entender a linguagem natural utilizada. Esses modelos são treinados utilizando os grandes volumes de dados disponíveis na internet, e exatamente por isso, as IA acabam possuindo, por exemplo, vieses.

“Se você solicitar a uma IA Generativa a criação da imagem de uma pessoa, é mais provável que essa imagem seja uma mulher, isso porque há mais imagens de mulheres na internet.”, disse Beauclair.

Ao longo da palestra, ele utilizou vários exemplos do que essas tecnologias podem fazer como criação de áudios, conversão de idioma em segundos e mudança de rostos em imagens e vídeos e isso tudo na maioria das vezes de forma gratuita e praticamente instantânea.

Regulamentação

Com a popularização dessas tecnologias, é crescente a preocupação com as utilizações e responsabilidades envolvendo a criação de conteúdos.

“A preocupação ética do assunto é gigantesca, envolvendo regulamentação, responsabilização, envolvendo Estados, empresas e a internet, por isso mesmo é extremamente difícil a regulamentação. Ainda está longe de ser resolvido”, afirmou Beauclair.

Enquanto isso, livros, quadros, campanhas, vídeos, músicas e até comerciais inteiros feitos por IA já se popularizaram na internet, e isso tudo é apenas o começo, considerando que essas tecnologias estão disponíveis há menos de 5 anos para esse tipo de utilização.

Outra preocupação envolvendo a IA é o espaço que essas tecnologias irão ocupar no mercado, e quanto os seres humanos serão afetados por isso. Beauclair levantou essa problemática ao questionar como o futuro funcionará com a Inteligência Artificial tomando cada vez mais espaços: “Até 2027, 7 em cada 10 empresas vão ter adotado IA para algum tipo de serviço em seus quadros” disse o tecnologista.

Além disso, nessa onda de conteúdos criados por IA, há diversos conteúdos de teor negativo, que envolvem principalmente artistas e também pessoas que já morreram. A questão que fica é qual o limite para a utilização dessas ferramentas?

Com o auditório lotado de alunos, pesquisadores e funcionários do IMPA, Beauclair respondeu perguntas, e alertou que com a evolução cada vez mais rápida da IA, em breve, ele precisará fazer outra palestra.