Navegar

03/11/2017

Currículo mais flexível pode trazer melhorias para o Brasil

 

Crédito: Agência Brasil

 

Reprodução da Folha de S. Paulo

Uma escola atrativa, com a possibilidade de o jovem escolher a área em que tem maior interesse e que qualifica o estudante para o mundo profissional, como acontece nos principais países. Esse deve ser o perfil do novo ensino médio no Brasil, cujo processo de implementação deve ter início a partir de 2019.

A nova estrutura prevê uma parte comum para a formação geral do aluno – com as competências e os conhecimentos definidos pela Base Nacional Comum Curricular – e outra dividida em itinerários formativos nas áreas do conhecimento(confira arte abaixo)

“A flexibilização do currículo é um passo ambicioso para fazer com que a escola tenha projetos mais inovadores para enfrentar a descrença e o desinteresse no ensino médio”, afirma Priscila Cruz, presidente-executiva do movimento Todos Pela Educação. “É o primeiro passo para uma modernização ainda mais profunda, com currículos abertos como são os europeus e os norte-americanos.”

Em países como Finlândia, EUA, Cingapura, Canadá e França, classificados entre os melhores do mundo nas avaliações internacionais de educação, o aluno chega a montar um programa individual de acordo com seus interesses acadêmicos.

Leia também: A produção de boa cerveja inovou a estatística matemática
Estudantes criam petição online contra o fim da OBMEP 
Equação comprova que imortalidade é meta impossível 

Aqui no Brasil, atualmente, são 13 disciplinas obrigatórias no ensino médio. Com a reforma, somente língua portuguesa e matemática permanecem durante os três anos do curso. Os conteúdos de artes, filosofia, sociologia e educação física seguem obrigatórios de acordo com a Base Nacional Comum Curricular.

“Obrigamos nossos alunos a estudarem um número elevado de disciplinas, boa parte das quais não são do seu interesse e não terão sequência na sua formação superior. Isso também leva a nivelar os currículos das disciplinas fundamentais por baixo. O resultado é uma combinação perversa de alta evasão com formação comprovadamente medíocre entre os egressos”, diz Marcelo Viana, diretor-geral do Impa (Instituto de Matemática Pura e Aplicada), instituição responsável pela Olimpíada Brasileira de Matemática.

No caso da matemática, Viana diz acreditar que um modelo mais flexível permitirá currículos mais adequados às necessidades daqueles que querem utilizar a disciplina como ferramenta em sua formação e profissão.

Direito de todos

Os especialistas alertam, contudo, que o sucesso da reforma depende não só da flexibilização do currículo mas também de um processo amplo que envolve formação de professores, infraestrutura das escolas, atualização de material didático e até a revisão do Enem.

“Não é só flexibilizar o currículo. O que a gente propõe é uma maneira específica de tratar o conteúdo. Isso exige uma abertura dos professores e também um trabalho de formação continuada”, pondera Guiomar Namo de Mello, diretora da Escola Brasileira de Professores.

Presidente do Conselho Nacional de Educação, Eduardo Deschamps explica que o órgão tem se debruçado sobre todos esses pontos para o processo de normatização da lei. “Mas isso será um trabalho em conjunto com os Estados, para definirmos quais as formas de viabilizar essas ofertas mais flexíveis.”

O mais importante, salienta, é saber que não dá para ver a reforma só olhando a escola como está organizada hoje. “É preciso pensar em uma escola diferente, mais moderna, com alternativas tecnológicas e arranjos educacionais que vão permitir o acesso e o interesse do jovem.”

Leia ainda: Não há Matemática que explique orçamento irrisório para a Ciência
Impa divulga programação do Curso de Verão: Inscreva-se!