Boletim de Alan Turing aponta dificuldade em Matemática
O matemático britânico Alan Turing, um dos responsáveis pela quebra dos códigos secretos usados nas comunicações nazistas durante a Segunda Guerra Mundial, não é considerado o pai da computação e da inteligência artificial à toa. Seu pioneirismo e brilhantismo nessas áreas geram, até hoje, importantes avanços tecnológicos.
Seus professores no Ensino Médio, no entanto, não perceberam rapidamente essa genialidade. Pelo menos é o que mostra um boletim escolar exposto ao público pela primeira vez pelo Fitzwilliam Museum, em Cambridge, na exposição “Codebreakers and Groundbreakers”, que ficará em cartaz até 4 de fevereiro do próximo ano.
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No documento de 1929, quando Turing tinha 17 anos, seu desempenho escolar é avaliado pelos professores da Sherborne School. Os mestres destacaram as supostas deficiências do futuro cientista em leitura e escrita em inglês e sua fraqueza com o francês. Nem mesmo na Matemática seus conhecimentos eram vistos com otimismo.
O professor de Física não demonstrava muita esperança no futuro do aluno: “Ele deve lembrar que Cambridge vai querer conhecimentos sólidos em vez de ideias vagas”.
Já o professor de Matemática, apesar de elogiar os trabalhos de Turing pelo potencial, que já se evidenciava, alertava: “A habilidade de colocar as soluções num ensaio — inteligíveis e legíveis — é fundamental para um matemático de primeira linha”.
O fato é que anos mais tarde Turing deu de ombros para as críticas e se formou com honras em Matemática na Universidade King’s College, em Londres.
Exposição
Além do boletim crítico de Alan Turing, a exposição apresenta mais itens sobre sua vida pessoal e a carreira profissional, como a famosa máquina Enigma e a bomba eletromecânica, conhecida como “Bombe” e desenvolvida por ele para decifrar a criptografia alemã.
Ainda estão expostos um livro de ciências que contém um capítulo sobre quebra de códigos e uma colher recolhida após sua morte, em 1954. Embora a maioria dos biógrafos defenda a ideia de que Turing cometeu suicídio com cianeto após ter sido forçado a aceitar a castração química para evitar a prisão por homossexualidade, sua mãe, Ethel qualificava a morte como acidental. Segundo ela, Turing teria se contaminado ao manusear o veneno, durante tentativa de folhear a tal colher com ouro.
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