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30/09/2024

'Entendi o que é ser olímpico', diz o medalhista Davi Pereira

Estudo, dedicação e medalha. Depois de conquistar uma menção honrosa na OBMEP, Davi Wéverton Pereira da Silva, de 15 anos, finalmente colocou, em 2022, a prata no pescoço. A relação do adolescente de Coruripe, cidade do interior de Alagoas com pouco menos de 60 mil habitantes, com a matemática mudou depois da olimpíada.   

“A OBMEP me apresentou o universo da matemática olímpica. A competição me proporcionou experiências, sensações, não se tornou apenas uma prova na qual eu estudo pra tirar uma pontuação boa, mas um ambiente no qual eu consigo testar meus limites, testar meus conhecimentos e os frutos do meu esforço. Hoje, eu não faço a prova só para ganhar medalha, certificado ou bolsa de estudos. É algo que, durante todos esses anos, eu aprendi a gostar.”

Leinna Pereira, mãe do estudante, percebe que a OBMEP foi fundamental para o despertar de Davi para as atividades escolares. “As notas foram melhorando, o gosto pelo conhecimento aumentando. Ele passou a enxergar a OBMEP como um caminho de portas abertas para o futuro.”

Estudante do 9º ano da Escola Municipal Liege Gama Rocha, Davi iniciou a sua trajetória com a OBMEP há três anos, no 6º ano do Ensino Fundamental. O estudante soma duas menções honrosas e uma medalha de prata. E este ano já está classificado para a 2ª fase da OBMEP. 

Davi contou que a condecoração ocorreu depois de um processo de adaptação aos conteúdos da prova. As dificuldades iniciais na compreensão da matemática abordada pela OBMEP quase o fizeram desistir da participação na prova. “Com o passar do tempo e o estudo dos conteúdos, ganhando experiência, eu vejo hoje que se eu tivesse desistido seria uma grande oportunidade perdida, jogada fora.” Agora, o reconhecimento é motivo de muito orgulho. 

“A medalha de prata significou mais do que uma simples vitória, me trouxe uma sensação de satisfação, de reconhecimento. Eu pude perceber e entender o meu valor, pude perceber que eu posso chegar longe com isso, essa medalha mudou minha mentalidade, eu pude entender o que de fato é ser olímpico”. 

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A boa performance na olimpíada rendeu a oportunidade de participação no Núcleo de Treinamento Intensivo, o NuTi.O programa é oferecido dentro do ecossistema do Novo Ensino Suplementar (NES), do qual o IMPA é parceiro.

Para Davi, a participação no NuTi envolve muito esforço e determinação. O núcleo mais próximo do programa fica em Maceió, capital do estado, há duas horas de distância de Coruripe. Todos os sábados, Davi acorda às 5h e se dirige ao polo de estudo pelo transporte fornecido pela secretaria municipal de educação. “Foi onde pude ter uma noção a mais de responsabilidade. E ter contato com pessoas que têm a mesma mentalidade que eu em relação à olimpíada. Eu me senti ainda mais incluso na vivência da OBMEP.”

Outro projeto que Davi participa é o Laboratório Olímpico de Matemática, uma iniciativa da Escola Liege Gama, também desde 2013. Ao todo, 82 alunos do 2º ao 9º ano participam do programa. 

O professor Antônio Fernandes coordenador do projeto, conta que o Laboratório surgiu como uma tentativa de tornar a matemática mais atrativa e auxiliar os estudantes a superarem possíveis dificuldades em matemática. O foco na OBMEP também fez parte do projeto desde o início. “A escola sempre teve uma grande satisfação em participar das competições olímpicas. Então, a OBMEP foi a porta de entrada para esse requisito.”

A gestora da escola, Alexandrina Gouveia, entende que a atenção à OBMEP foi essencial para sanar as dificuldades no estudo geral da matemática. “Percebemos melhorias significativas, quando expandimos o espaço para o ensino da OBMEP. O resultado foi de grande valia para os nossos alunos, que desempenharam papéis importantes na competição, não apenas pelas medalhas que alcançamos, mas também no desenvolvimento da disciplina como todo. A escola passou a ser referência na OBMEP, deixando toda a comunidade satisfeita.”

Antônio Fernandes, Davi Wéverton Pereira e Alexandrina Gouveia

O preparatório tem Davi como exemplo de dedicação e inspiração para os demais alunos do colégio. “Com muita maestria, destacamos o Davi como referência na OBMEP. Fico feliz em poder contribuir diretamente com meus alunos e saber que eles podem ir muito além dos muros da instituição”, contou o coordenador do projeto.

A gestora da escola complementou que o estudante é inspiração também nas demais atividades escolares. “Davi é apaixonado por matemática e se destaca também em todas as disciplinas, sendo aluno destaque em todos os projetos desenvolvidos pela escola.”

A carreira futura ainda é incerta para Davi, que pensa em cursar áreas que envolvam a matemática, como Engenharia da Computação ou Civil. Até lá, a OBMEP segue nos planos do jovem. “Pretendo continuar realizando a olimpíada. Continuo no foco, me esforçando e dando um pouco mais de mim a cada dia para obter o que pra mim vale muito mais do que qualquer reconhecimento: isso é uma prova do meu esforço e dedicação.”

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