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07/08/2020

Rafaela garante primeiro ouro de Suzanápolis (SP) na OBMEP

Foto: Rafaela em premiação da OBMEP 2018

Depois de garantir a medalha de bronze pela Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP) em 2018, Rafaela Yumi Kuroiwa, de Suzanápolis (SP), acrescentou um dia a mais da semana na rotina de estudos. De segunda a sexta-feira, frequentava as aulas no Colégio Estadual Ernesto Schmidt. E aos sábados, passou a percorrer 70 quilômetros para participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC). O esforço deu certo: garantiu, em 2019, a primeira medalha de ouro da cidade onde vive, um marco para os três mil moradores da região.  

“Desde pequena, ela sempre foi muito centrada, muito motivada. Busca as coisas por conta própria e quer sempre saber mais”, conta a mãe, Patrícia, que não mede esforços para ver a filha realizar os sonhos.

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Com a pandemia, Rafaela está tendo atividades on-line do PIC. Mas antes mesmo do isolamento social, a jovem já via na internet uma grande aliada para incrementar os estudos, o que vem facilitando a adaptação ao período de ensino remoto. “Temos assistido às aulas transmitidas pelo Centro de Mídia de São Paulo, e converso com meus professores e colegas de turma pelo WhatsApp. Mas sempre procurei mais sobre as matérias em vídeos no YouTube. Acredito que a internet está disponível para aproveitarmos as coisas boas.”

Foto: Em 2018, a menina foi homenageada pelo colégio

A estudante, que se diz curiosa e é leitora assídua da biblioteca local, tem inglês, história e ciências entre as matérias favoritas, e vê na matemática um importante diferencial. “É como se a disciplina desvendasse as coisas”, define com precisão. “E, por mais improvável que pareça, ler tantos livros, de vários assuntos, também me ajuda muito a interpretar e responder questões matemáticas.” 

Na primeira vez que participou da OBMEP, ainda no sexto ano do Ensino Fundamental, Rafaela “não sabia muito bem o que estava fazendo”. “Ouvi falar sobre a competição na televisão, mas era algo distante da nossa realidade”, revela Patrícia. “Foi a Rafaela que, por conta própria, trouxe as informações para casa e que buscou saber mais sobre como funcionava a olimpíada.” 

Foto: Cerimônia de premiação da OBMEP

Quando o resultado foi divulgado a família não teve pressa para conferir a lista de medalhistas. “Mas meu nome estava lá! Fiquei incrédula”, lembra Rafaela. Em uma região que vem se inserindo aos poucos no universo da matemática olímpica, o entusiasmo de estudantes pode ser contagiante para ajudar no desenvolvimento da turma, como um todo. 

“O principal desafio é fazer os alunos gostarem de matemática. E a maior alegria é saber que existem crianças e adolescentes que amam a disciplina e conseguem resolver desafios matemáticos usando estratégias diferenciadas”, destaca a coordenadora regional do PIC Magali Iglesias. “Aqui já recebi alunos de Jales, Santa Fé do Sul, Suzanápolis e Paranapuã.”

Depois de Rafaela ganhar a medalha de bronze e a de ouro, muitas coisas mudaram na dinâmica escolar. Atualmente no 8º ano, a jovem é uma grande incentivadora para os colegas e uma auxiliar para professores. “Sou praticamente uma assistente para eles, durante as aulas. Minhas amigas me pedem ajuda com contas mais difíceis, e algumas já participaram de algumas atividades do PIC junto comigo”, celebra. “A OBMEP foi uma grande oportunidade que me abriu diversas portas, gostaria que todos soubessem como ela é maravilhosa!” 

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