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30/08/2021

Programa Meninas Olímpicas do IMPA terá segunda edição

Apesar dos avanços na igualdade de gênero, o número de mulheres atuando em profissões ligadas à ciência e tecnologia ainda é pequeno. O relatório “UNESCO – Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática”, de 2018, aponta que apenas 28% dos pesquisadores em todo o mundo são do sexo feminino. Para tentar mudar este cenário, o IMPA vai realizar, pela segunda vez, o programa Meninas Olímpicas do IMPA. 

O projeto pretende estimular a maior participação de meninas em olimpíadas de Matemática e no campo das exatas em geral, com o objetivo de aumentar a presença feminina em áreas, como matemática, computação e engenharia. As ações são dirigidas a alunas da educação básica de cinco colégios em diferentes regiões do Rio de Janeiro. 

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“O Meninas Olímpicas do IMPA é um dos projetos mais instigantes que realizamos no âmbito da educação básica, combinando o incentivo à descoberta e o alargamento de horizontes e oportunidades, tanto para as estudantes quanto para as licenciandas. A primeira edição, coordenada pela professora Letícia Rangel, foi um sucesso total e uma experiência enriquecedora para todas as participantes, e para nós mesmos. Tenho certeza que esta nova edição será igualmente exitosa”, declarou Marcelo Viana, diretor-geral do IMPA.

O programa foi um dos selecionados para receber financiamento da Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) através do edital “Meninas e Mulheres nas Ciências Exatas e da Terra, Engenharias e Computação”. 

Atualmente, cerca de metade dos alunos aprovados na primeira fase da OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), realizada pelo IMPA, é do sexo feminino. No entanto, entre os premiados com medalha de ouro, a quantidade de meninas chega a 30% no Ensino Fundamental e 13% no Ensino Médio. 

“Os estereótipos de gênero e a representatividade têm impacto importante na confiança e no interesse das meninas por essas áreas. Não é uma questão de capacidade, mas de autosseleção. O problema vai além da escolha. Ele é observado também no avanço e na permanência. Mulheres que seguem carreiras em áreas exatas, em geral, lidam com entraves de segregação no caminho. A educação, na minha opinião, é o melhor caminho para enfrentar o desequilíbrio”, afirma a coordenadora do programa, Leticia Rangel.

Como funciona

Em cada uma das cinco escolas participantes, o projeto se desenvolverá sob a responsabilidade de um professor da unidade e o acompanhamento de uma licencianda em matemática da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) ou da Universidade Federal Fluminense (UFF). Entre as atividades previstas, estão laboratórios, rodas de conversa, painéis, desafios das olimpíadas e oficinas de matemática, computação e robótica, além de debates sobre questões de estereótipos de gênero. As alunas vão participar ainda de palestras com profissionais da área e visitas a instituições renomadas no ensino e pesquisa. 

Professora aposentada do Colégio de Aplicação da UFRJ, Leticia acredita que o resultado de programas como esse são sentidos a longo prazo. Após a participação no projeto em 2019, duas alunas já estão na universidade cursando matemática e engenharia mecânica. “A participação dessas jovens nas olimpíadas é o meio para despertar o interesse, mas o projeto vai muito além. Pretendemos que o Meninas Olímpicas encoraje as alunas a seguirem e a acreditarem em seus sonhos e no seu potencial”, defende.

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