Nem Albert Einstein saiu incólume de erros científicos
Em um contexto no qual a ciência representa um grande ativo para a humanidade, concentrando expectativas para a solução da pandemia do novo coronavírus, não espanta que dela sejam cobradas respostas precisas e imediatas. Mas é importante lembrar que nem o brilhante Albert Einstein (1879-1955) saiu incólume dos erros científicos em sua carreira acadêmica. Em artigo publicado no site The Conversation em junho, o professor emérito da Universidade de Paris François Vannucci esmiúça os principais equívocos do físico teórico alemão na teoria geral da relatividade e na mecânica quântica.
A pesquisa científica está na relação entre fenômenos que observamos da natureza e representações desta realidade, formuladas por teorias na linguagem matemática. Após a verificação de todas as consequências derivadas de uma teoria, ela é validada. “Mas esses avanços dependem da inteligência humana que, apesar de tudo, conserva suas crenças e preconceitos, os quais podem afetar o progresso da ciência, mesmo entre as mentes mais privilegiadas”, pontua Vannucci.
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Na teoria geral da relatividade, um de seus mais conhecidos trabalhos, Einstein escreveu a equação que descreve a evolução do Universo em função do tempo. Para não contradizer a ideia de um Universo estático, pensamento dominante na Europa da época, Einstein introduziu em suas equações uma constante cosmológica que congelava o estado do cosmos.
Mas evidências históricas iam contra a noção de imutabilidade do Universo. Em 1054, os chineses notaram que uma luz no céu durante várias semanas. Tratava-se de uma supernova, isto é, uma estrela moribunda. Quando Edwin Hubble demonstrou que o Universo se expandia, em 1929, Einstein admitiu a falha e disse ter cometido “seu maior erro”.
A descoberta da lei do efeito fotoelétrico, fundamental para o estabelecimento da teoria quântica, rendeu a Einstein o Prêmio Nobel de 1921. De todo modo, influenciado pela filosofia grega, que acreditava que pensamento puro era capaz de abranger toda a realidade, o físico rejeitou um importante preceito da mecânica quântica: sua aleatoriedade.
Não admitindo este indeterminismo elementar e, mais especificamente, o acaso, Einstein afirmou, à época, que “Deus não joga dados com o Universo”. Ele propôs então a existência de variáveis ocultas, de magnitudes não descobertas além da massa, carga e rotação, que os físicos usam para descrever as partículas. Mas a experiência não lhe deu a razão.
“O progresso das ideias é nutrido pelo que chamamos de intuição. É uma espécie de salto no conhecimento que vai além da pura racionalidade. A fronteira entre o objetivo e o subjetivo não é mais completamente fixa”, afirma o autor do artigo. Para Vannuchi, “a intuição se manifesta aleatoriamente, mas essa chance é moldada pela experiência, cultura e conhecimento de cada pessoa.”
Os equívocos de Einstein não representam qualquer deficiência da sua parte, ou do método científico, sendo pelo contrário um reflexo da vitalidade da ciência, sempre em busca da verdade: passos na direção errada frequentemente resultam em avanços notáveis.
Fonte: The Conversation e BBC Brasil
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