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15/12/2021

Na Folha de S. Paulo, Viana fala dos tradutores eletrônicos

Flag Countries Foreign Word Translation Concept

Imagem: Pixabay

A tradução de textos entre diferentes línguas é um problema sabidamente complicado. A dificuldade começa com o fato de que o significado de cada palavra depende do contexto. O meu professor de inglês no colégio gostava de lembrar que “peça” pode ser tanto uma parte de um equipamento (“piece” em inglês) quanto uma representação teatral (“play”). Para determinar o sentido de cada palavra um bom tradutor precisa atentar para toda a frase e, possivelmente, as frases vizinhas.

Depois, há as regras gramaticais, que variam de uma língua para outra. Ao contrário do português, no inglês os adjetivos costumam ir antes dos substantivos: “a big man” não é “um grande homem”. E em alemão os verbos vão muitas vezes no final da frase.

Uma piada que circula no meu meio fala de um livro de álgebra escrito por um professor alemão em dois volumes: no primeiro estariam os teoremas e no segundo os verbos. Já pensou como seria a tradução?

Isso para não falar de expressões idiomáticas como “the cow went to the swamp”, tradução jocosa de Millôr Fernandes de “a vaca foi para o brejo”. Um bom tradutor precisa conhecer também a cultura da sociedade que gerou o texto.

Por essas e outras razões, as primeiras tentativas de traduções por computador produziram resultados medíocres, para não dizer ridículos. E no entanto hoje em dia existem algoritmos tradutores de ótima qualidade, que rivalizam com os humanos.

O mais famoso e utilizado é Google Translator, que cobre mais de 100 línguas e 99% dos textos na internet. Já DeepL Translate, desenvolvido por uma pequena empresa alemã, afirma ser o melhor, e os meus amigos em computação científica concordam. Decidi testá-lo com uma prova de fogo: traduzir para inglês a primeira estrofe do hino nacional brasileiro, com seu exagero barroco de artifícios estilísticos. O resultado da tradução foi praticamente perfeito, mostrando que DeepL entendeu o texto do hino muito melhor do que eu na primeira vez em que o li!

Leia a coluna na íntegra no site do jornal.