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03/01/2024

Folha: O sentido do número em animais

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo

A vespa parasítica leptopilina heterotoma injeta os seus ovos em lagartas, que irão servir de alimento à larva quando o ovo eclodir. É importante que não haja mais do que um ovo em cada lagarta, pois o alimento não é suficiente para duas larvas. Assim, a vespa desenvolveu em sua “seringa” um sensor que informa o cérebro da vespa caso a lagarta não esteja mais “disponível”, para evitar o desperdício de ovos.

Mais ainda, pesquisa recente mostra que o sinal enviado pelo sensor ao cérebro da vespa varia conforme a lagarta hospeda zero, um ou dois ovos. Portanto, as vespas conseguem contar (até dois), e essa capacidade tem um papel importante na sobrevivência da sua espécie.

Não é um fato raro. Embora o caso do cavalo Kluge Hans, que contei aqui duas semanas atrás, ainda cause ceticismo quanto às capacidades numéricas dos animais, estudos realizados nas últimas décadas indicam que o sentido do número está amplamente distribuído no reino animal, mesmo entre espécies com cérebros rudimentares.

Sabemos que muitos insetos, peixes, aves e mamíferos possuem um sentido aproximado do número, que lhes permite escolher rapidamente entre dois grupos (de animais, de alimentos etc) com tamanhos diferentes. O peixe-mosquito, por exemplo, usa esse sentido para sempre se juntar ao maior cardume disponível, o que oferece maior proteção contra predadores. Ratos usam a mesma capacidade para escolher a maior de diferentes fontes de alimentos disponíveis.

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Outras espécies têm um sentido mais apurado, que distingue entre números individuais. A minúscula rã túngara da América Central, com apenas 3cm, é um exemplo espetacular. O macho passa horas seguidas lançando a potenciais namoradas chamados característicos que sempre terminam com um estalido. Mas quando escuta o apelo de um rival ele sobe a parada: faz novo chamado, desta vez terminando com dois estalidos! E o duelo continua, com número crescente de estalidos, até que um deles perca o fôlego, o que costuma acontecer por volta dos seis ou sete estalidos.

Para ler o texto na íntegra, acesse o site do jornal.

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