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28/02/2023

‘Chat GPT,  fale sobre o IMPA’, pede mestrando Daniel Perazzo

ChatGPT é uma Open IA (Inteligência Artificial) | Foto: Pexels

Meses antes de fazer as malas para se mudar de Recife para o Rio de Janeiro, o engenheiro de computação Daniel Perazzo começou uma conversa despretensiosa sobre o IMPA, instituto no qual cursará o mestrado em 2023. O interlocutor não era um colega de pós-graduação ou pesquisador, mas sim o ChatGPT, ferramenta de inteligência artificial (IA). Os matemáticos do instituto já estão testando as habilidades da IA, que foi reconhecida por simular a linguagem natural ao gerar conteúdos escritos.

De acordo com o relato de Perazzo, a ferramenta acertou a maioria das informações sobre o IMPA e sobre o Visgraf (Laboratório de Computação Gráfica do IMPA), do qual o aluno também fará parte este ano.

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“Até que ele acertou, surpreendentemente, muitas coisas. O modelo acessa a internet ou treina numa base de dados que continha informações sobre o Visgraf”, afirmou o mestrando.

Lançado em novembro do último ano, o ChatGPT se tornou um dos assuntos mais cotados na área da tecnologia. A ferramenta foi apontada como um dos possíveis substitutos do Google e recebeu investimento bilionário da Microsoft. 

A sigla significa Generative Pretrained Transformer, em português – Transformador Generativo Pré-treinado – um código capaz de ser “treinado” para gerar conteúdo de texto, a partir de uma base de dados e do aprendizado por reforço. Tem muita tecnologia por trás da Open IA, que está sendo explorada pelos matemáticos. 

Um dos curiosos é Luiz Velho, pesquisador-líder do Visgraf, que enfatizou a habilidade de comunicação do ChatGPT.

“Está mudando o paradigma de como o homem se relaciona com a máquina. As interfaces mais inteligentes vão chegando cada vez mais perto de como o ser humano se comunica com outros seres humanos. E agora chegamos nesse ponto que a interface mudou. O grande desafio da sociedade como um todo é entender como lidar com isso”, explicou.

A facilidade de comunicação é explicada pelo método de aprendizado da ferramenta, que utiliza redes neurais profundas. A aprendizagem de máquina funciona a partir de modelos computacionais inspirados no funcionamento do cérebro humano, que passam a se ajustar após um erro ou acerto.

“O ChatGPT foi treinado para conversar. Então já existiam esses grandes modelos de linguagem – a Siri, a Alexa e vários outros – que sabiam responder uma pergunta, mas não conseguiam conversar. Então eles [ChatGPT] começaram a mudar para o aprendizado por reforço, usando conversas entre humanos como referência. E a técnica permite que, quando a ferramenta for usada, ela mesma vá se aperfeiçoando”, disse Luiz Velho.

Os avanços na aprendizagem de máquina também são aplicados em programas de simulação de imagens. Em uma tela dupla, Bernardo Alevato, também colaborador do laboratório Visgraf, testa um outro programa de inteligência artificial, o Stable Diffusion, que cria imagens a partir de um exemplo inserido pelo usuário. Ele coloca uma foto do seu próprio rosto e pede a inserção de um óculos de sol da marca RayBan. A imagem nova surge na tela em menos de 30 segundos com um modelo clássico da marca.

“Tudo isso ainda está em desenvolvimento, mas são ferramentas que buscam a interface mais natural e que pode ter o rendimento avaliado. À medida que você tem menos processos para chegar no resultado, consegue avaliar melhor esse resultado. Conseguimos ver a melhor forma de ‘pedir’ ou ‘perguntar’ para a ferramenta”, disse Alevato. 

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