Navegar

02/01/2019

Matemática perde Bourgain, Swinnerton-Dyer e Stein

A Matemática começa 2019 sem três importantes nomes: os belgas Jean Bourgain,  do Instituto de Estudos Avançados (IAS), e Elias Stein, da Universidade de Princeton; e o britânico Peter Swinnerton-Dyer, da Universidade de Cambridge. Os matemáticos faleceram no fim de 2018.

Jean Bourgain

O Medalha Fields Jean Bourgain, 64 anos, morreu em um hospital de Bonheiden (Bélgica), em 22 de dezembro, após uma árdua batalha contra o câncer.

Era professor do IBM von Neumann na Escola de Matemática do Instituto de Estudos Avançados (IAS), desde 1994, mesmo ano em que se consagrou ao ganhar a Medalha Fields no Congresso Internacional de Matemáticos (ICM) em Zurique, na Suíça.

Leia também: Calendários regulam a vida da humanidade há milênios

Professor de Matemática vence Prêmio VEJA-SE em Educação
“Journeys of women in mathematics” tem nova versão
Doutor pela Universidade Livre de Bruxelas (1977), lecionou na instituição até 1985, quando aceitou o convite para ensinar na Universidade de Illinois (EUA). Também teve passagens pelo Instituto de Estudos Científicos Avançados (França) e Universidade da Califórnia Berkeley (EUA).

Antigo editor do Annals of Mathematics, deixou sua marca em diversas áreas da matemática, incluindo a geometria dos espaços de Banach, teoria de grupos, teoria analítica dos números e equações diferenciais parciais não-lineares.

No ano passado, recebeu o Prêmio Steele da Sociedade Americana de Matemática (AMS) que o reconheceu “um gigante no campo da análise matemática” por ter fornecido fundações para novas áreas de estudo e por oferecer à ciência novas ferramentas e técnicas matemáticas.

Também teve seu trabalho reconhecido com os prêmios Salem (1983), Ostrowski (1991), Crafoord Prize in Mathematics (2012), The Shaw Prize in Mathematical Sciences (2010) e Breakthrough (2017).

Matemático Jean Bourgain conversa com colega

Jean Bourgain. Crédito: Andrea Kane, IAS

Elias Stein
Professor de Matemática da Universidade de Princeton por mais de cinco décadas, Elias Menachem Stein, 87 anos, morreu em 23 de dezembro após complicações relacionadas a um linfoma.

Considerado um dos pioneiros no campo da análise harmônica, suas contribuições levaram a uma compreensão mais profunda de diferentes assuntos fora da matemática, incluindo o mercado de ações, ondas gravitacionais e gravações sonoras.

Nascido na Bélgica em 1931, Stein e sua família fugiram do país após a invasão alemã durante a Segunda Guerra Mundial. Imigraram para os Estados Unidos e se estabeleceram em Nova York. Em solo americano, Stein ingressou na famosa escola Stuyvesant High School para estudantes superdotados e se tornou capitão da equipe de Matemática.

Graduado e doutorado pela Universidade de Chicago, ocupou durante a carreira cargos no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e na própria Universidade de Chicago, até se transferir para Princeton, em 1963.

Autor de vários livros, também atuou nos conselhos editoriais do jornal Annals of Mathematics e acumulou prêmios importantes, como a Medalha Nacional de Ciência (2002), o Wolf Prize, uma das maiores honras em matemática; o Schock Prize, concedido pela Real Academia Sueca de Ciências; e um Lifetime Achievement Award da Sociedade Americana de Matemática (AMS), em reconhecimento às contribuições fundamentais para diferentes ramos da análise matemática.

O legado de Stein vai além. Com mais de 500 descendentes acadêmicos, dois de seus alunos de mestrado ganharam a Medalha Fields — Charles Fefferman e Terence Tao.

Elias Stein em sua sala na universidade

Elias Stein. Crédito: Karen Stein

 

Peter Swinnerton-Dyer

O matemático britânico Peter Swinnerton-Dyer morreu em 26 de dezembro, aos 91 anos. Especialista em teoria dos números foi um dos criadores da Conjectura de Birch-Swinnerton-Dyer em parceria com Bryan Birch. A conjectura sobre curvas elípticas foi escolhida em 2000 como um dos sete Problemas do Milênio listados pelo Instituto Clay de Matemática, cuja solução vale US $ 1 milhão.

Especialista em teoria dos números, Swinnerton-Dyer teve papel de destaque na administração da Universidade de Cambridge atuando como mestre do St Catharine’s College e vice-reitor (1979-1983). Posteriormente, também foi presidente do Comitê de Subvenções da Universidade e diretor executivo do Conselho de Financiamento de Universidades.

Aluno bolsista do Trinity College, que pertence à Universidade de Cambridge, estudou Matemática e foi o capitão do time de xadrez. Porém, se dava melhor no bridge, esporte que o levou a disputar dois campeonatos europeus como representante da Grã-Bretanha, em 1953 e em 1962.

O destino fez com que “perdesse” a disputa de cargo de professor de Matemática no Trinity College para Michael Atiyah e Christopher Zeeman, o que depois foi visto por ele como “sorte”, pois o fez mudar para o departamento de computação, sem o qual jamais teria criado a Conjectura de Birch e Swinnerton-Dyer.

Eleito membro da Royal Society em 1967 e nomeado cavalheiro da Ordem do Império Britânico  em 1987, ainda acumulou outras honrarias na Matemática, como o Prêmio Pólya (2006) e a Medalha Sylvester (2006) pelo “encorajamento à pesquisa matemática” e o reconhecimento de seu trabalho fundamental em geometria aritmética e suas contribuições à teoria das equações diferenciais ordinárias.

Peter Swinnerton-Dyer

Peter Swinnerton-Dyer. Crédito: Wikimedia Commons

Leia também: Medalha na OBMEP ou OBM pode valer vaga na Unicamp
Inscrições para o Programa de Verão já estão abertas
IMPA abre vaga em Matemática Aplicada