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04/12/2024

Folha: "Código de barras, progresso ou 'maldição'"

 

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo. 

Anos atrás, tomando vinho com um grupo de colegas na Espanha. O meu amigo Chachi coloca uma garrafa sobre a mesa e anuncia com orgulho jocoso: “Este no tiene código de barras!”. Nostalgia de um mundo em extinção, mais espontâneo e menos regulado. Proclamação do código de barras como emblema de um capitalismo digital, que invade até os rincões mais tradicionais.

O primeiro código de barras foi feito em 1949, pelos engenheiros norte-americanos Norman Woodland (1921–2012) e Bernard Silver (1924–1963). Tudo começou com a visita ao campus da universidade de um executivo de supermercados com o pedido de que desenvolvessem um método eficaz para identificar produtos e codificar as suas propriedades. Silver, que então era estudante de doutorado, escutou a conversa e chamou Woodland para ajudá-lo nesse projeto.

Eles se inspiraram no código Morse dos telegrafistas, em que as letras e os números são todos representados por meio de dois símbolos apenas, ponto e traço. “O que vou contar parece um conto de fadas”, contou Woodland numa entrevista em 1999. “Enfiei meus quatro dedos na areia e, por qualquer motivo que eu não sei, puxei a mão na minha direção e desenhei quatro linhas. E pensei: ‘Nossa! Agora eu tenho quatro linhas, e elas podem ser linhas largas e linhas estreitas em vez de pontos e traços’.”

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Os inventores acabariam vendendo a sua patente à empresa Philco por US$ 15 mil. Pode parecer pouco por uma invenção que hoje identifica dezenas de milhões de produtos em lojas e supermercados em todo o mundo, mas o sistema que eles desenvolveram era pouco prático e não chegou a ser usado comercialmente.

Um dos problemas é que as barras eram circulares: “Apenas alguns segundos depois”, acrescentou Woodland, “peguei meus quatro dedos —que ainda estavam na areia— e os arrastei em um círculo completo”. Esse formato circular parecia vantajoso, mas exigia um leitor enorme, caro e pouco confiável.

O código de barras só foi se tornar popular no início dos anos 1970, quando ajudou a automatizar os supermercados. O padrão atual, com barras retangulares, foi criado àquela altura pelo engenheiro norte-americano George Joseph Laurer (1925–2013). Dependendo do uso, existem diferentes dicionários (‘simbologias”) para converter o código de barras na respectiva mensagem. Uma coisa curiosa é que vários deles levam em conta também as larguras dos espaços em branco entre as barras pretas: as “barras brancas” também importam!

Para ler na íntegra, acesse o site do jornal. 

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