‘Domínio da matemática é instrumento de poder’, diz Viana
Em entrevista à Agência Brasil, o diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana, avaliou que o conhecimento em matemática pode definir quem exerce poder na sociedade atual. A reportagem, publicada nesta quarta-feira (15) – data em que se comemora o dia Dia dos Professores, abordou a importância da democratização e popularização da disciplina, o desempenho dos jovens na Educação Básica e a capacidade de geração de riqueza e desenvolvimento para o país.
“A matemática está entrando na vida de cada um de nós de novos jeitos, e muito mais invasivos do que antes. Antes, ela já estava em tudo, agora ela está também no modo como as nossas vidas são guiadas. Se você submete um pedido de crédito, a decisão provavelmente vai ser tomada por uma inteligência artificial, que é baseada em matemática. Se você não tem esse conhecimento, você está à mercê de quem utiliza o conhecimento [em matemática], que necessariamente vai ser em benefício próprio”, destacou.
Viana recomendou ainda aos leitores o documentário “Counted Out” (‘Excluídos pela Matemática’ em tradução livre para o Português), que transmite a mensagem de que matemática é poder. “Quem tem esse conhecimento exerce o poder. Quem não tem está sujeito a ser explorado, a ser manipulado por quem detém o poder do conhecimento matemático. O filme traz m exemplo contundente de um prisioneiro americano cujo pedido de prisão condicional foi negado pelas autoridades com base na decisão de um algoritmo e inteligência artificial”, explicou.
A reportagem de Camila Boehm aproveitou para abordar o novo de Viana, “A Descoberta dos Números” – um livro que nasceu após um convite da Capes para uma palestra de popularização da ciência. No meu caso, pediram para escrever sobre o mistério dos números. Eu preparei a palestra e tive que pesquisar várias coisas que eu não tinha dado tanta atenção. Ao final, quando a palestra estava pronta, eu percebi, num clique, que se eu transcrevesse a palestra para texto viraria um pequeno livro. Um pequeno livro que contava coisas que eu mesmo não sabia antes de começar a escrever, então eu achava que trazia algum valor”, contou Viana.