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06/04/2021

‘Formação dada aos professores no Brasil é deficiente’, diz Viana

Em entrevista ao canal de YouTube Dois Físicos e um Vetor, o diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana, afirmou que as falhas na formação dos professores e a baixa valorização dos profissionais são entraves para a melhoria da educação básica em matemática no Brasil. “A formação que oferecemos aos professores nas nossas licenciaturas privadas e públicas é deficiente, e as carreiras que oferecemos aos professores das redes estaduais e municipais são pouco incentivadoras. Praticamente não existe carreira de professor no Brasil”, disse Viana. 

Conduzida pelos estudantes de física da Universidade de São Paulo (USP) Geovanni Garcia e Henrique Reis, a conversa também tratou da entrada do Brasil no Grupo 5 da União Matemática Internacional (IMU, na sigla em inglês), que reúne as nações mais desenvolvidas em pesquisa matemática no mundo. Eles falaram ainda de iniciativas para a popularização da matemática.

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O surgimento de mais programas de pós-graduação na disciplina no país nos últimos 30 anos foi um dos pilares para o aumento da contribuição da matemática nacional ao mundo, explicou Viana. “A distribuição geográfica destes programas melhorou muito. O que antes era mais restrito ao Sudeste se espalhou pelo país. Temos programas de mestrado em todos os estados do Nordeste.”

Para ilustrar a expansão da pesquisa matemática brasileira, o diretor-geral do IMPA destacou dados de um relatório produzido por ocasião da candidatura do Brasil ao Grupo 5 da IMU. “Nos anos 80, participavamos com cerca de 0,7% na produção matemática no mundo. Já em 2018, o número era em torno de 2,5%. Em termos percentuais, nossa produção triplicou. Não é pouca coisa”, destacou.

O descompasso entre o alto nível da pesquisa brasileira na área e a performance ruim da disciplina na educação básica salta aos olhos. Além da má formação de docentes, Viana acredita que a educação familiar também impacta este cenário. “Não existe isso de ‘nasci de humanas’ ou ‘nasci de exatas’. Pesquisas da neurociência dizem que nascemos todos com um cérebro extremamente plástico, capaz de se adaptar a qualquer coisa. O que determina se você vai ser uma pessoa de humanas ou de exatas é o que acontece nos primeiros anos de vida.”

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