Viana destaca ações para maior presença feminina nas Exatas
Entrevistado no programa Conexão dedicado às olimpíadas femininas de matemática, Marcelo Viana, diretor-geral do instituto, anunciou a data da competição nacional que o IMPA está organizando para incentivar as meninas na área e contou detalhes sobre o projeto Meninas Olímpicas do IMPA, realizado em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Ao abrir o programa do Canal Futura, o apresentador Bernardo Menezes destacou a conquista de Mariana Bigolin Groff, ouro na última edição da Olimpíada Europeia Feminina de Matemática (EGMO, na sigla em inglês) e apresentou os convidados do Conexão: além de Viana, foram entrevistadas a estudante carioca Maria Clara Werneck, bronze na EGMO, e a matemática carioca Luize D’Urso, vice-líder do Brasil na competição, realizada em abril, em Kiev (Ucrânia).
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“Uma estudante gaúcha realizou um feito inédito este ano: conquistou a primeira medalha de ouro na Olimpíada Feminina Europeia de Matemática, um campo culturalmente identificado como masculino. Ela e outras estudantes também medalhistas mostram que essa é só mais uma barreira a ser derrubada. E tem gente trabalhando duro para isso. O Instituto de Matemática Pura e Aplicada, o IMPA, vai organizar uma edição nacional do torneio para revelar por aqui mais talentos”, disse Menezes, no início do programa.
Maria Clara Werneck contou como foi a preparação para a EGMO e o que sentiu ao receber o bronze na competição, e Luize D’Urso falou sobre o projeto Matemática para Garotas, que realiza para incentivar a participação das meninas em olimpíadas de matemática. Ela dá aulas gratuitas aos sábados para estudantes do Ensino Fundamental e Médio que desejem participar das competições.
“Talvez a matemática seja vista como uma área muito masculina, mas eu não acredito nisso. Apesar de serem poucas meninas, acho que é porque existe menos incentivo, e talvez elas não se sintam confiantes o suficiente”, observou Luize. “Quando você entra numa sala e de nove, dez pessoas, uma, duas são meninas, você acaba desistindo. Você não tem o exemplo”, relatou Maria Clara.
Segundo Viana, o incentivo é fundamental para ampliar a participação das meninas nas olimpíadas. “Nós sabemos que, por razões culturais, os garotos são maioria e têm muito mais incentivo.”
Desde 2017, quando o Brasil disputou a EGMO pela primeira vez, o IMPA e a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM) financiam a participação da equipe na competição. Este ano, as escolas das quatro estudantes concorrentes também contribuíram com os custos. O país ganhou dois bronzes e o ouro inédito.
Assim como Luize, Viana avaliou que são situações sutis, mas cotidianas, que contribuem para as meninas se sentirem desencorajadas. “Acredito cada vez mais que são esses pequenos momentos, que passam quase desapercebidos, mas que vão se acumulando e criam essa diferenciação. A nossa cultura é bastante perversa nesse aspecto”, disse o matemático.
Ao ser perguntado sobre como o IMPA tem contribuído para abrir oportunidades para as meninas, Viana anunciou para 31 de agosto a realização do Torneio de Matemática para Meninas, o TM². “É uma competição nacional que vai servir como processo seletivo para a Olimpíada Europeia Feminina de Matemática, mas, sobretudo, é um instrumento para dar às garotas uma oportunidade para brilharem”, destacou.
Além do torneio, o diretor-geral do IMPA falou sobre o projeto Meninas Olímpicas do IMPA, que reúne estudantes do Ensino Fundamental e do Ensino Médio de cinco escolas públicas do Rio e de Niterói.
O programa na íntegra está disponível no Futura Play.
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