Navegar

01/10/2022

Todos somos matemáticos, diz Jack Dieckmann

Jack Dieckmann, diretor de pesquisa do Centro de Stanford

“Você lembra a última vez que foi ao supermercado?” Com essa pergunta, o palestrante Jack Dieckmann, PhD e diretor de pesquisa do Centro de Pesquisa Youcubed, da Universidade de Stanford (EUA), levou o público a identificar a matemática em atividades cotidianas.

A palestra de abertura do terceiro dia do Festival Nacional da Matemática, intitulada “Matemática para todo mundo? Desconstruindo mitos sobre a aprendizagem matemática a partir da abordagem Mentalidades Matemática”, abordou o raciocínio lógico presente na vida de pessoas comuns. 

Leia Mais: Prêmio IMPA encerra inscrições dia 4 de outubro
Oficinas, brincadeiras, Aramat e Robozão animam visitantes
Com palestras variadas, evento empolga estudantes

Dieckmann defendeu que todos os presentes, provavelmente, já se depararam com o exercício de escolher a fila do caixa de supermercado que tem maior probabilidade de ser a mais rápida, a partir de critérios como quantidade de itens dos clientes e eficiência dos operadores de caixa.

“É preocupante que pessoas altamente competentes e bem sucedidas se sintam excluídas da matemática. Acredito que todos somos capazes de aprender e muitos de nós já somos pensadores de matemática”, defendeu.

Apesar de afirmar que a disciplina está presente em atividades comuns a todos, Dieckmann reconhece que há uma aversão ao tema. “Muitos alunos se sentem alienados, entediados, assustados e ansiosos quando se trata de matemática escolar. Então a pergunta que proponho é: onde está o problema?”, questiona o professor. 

Para Dieckmann, pesquisadores enxergam a matemática como “um músico enxerga a melodia”. Eles podem escolher uma área de interesse e passar um longo período de tempo debruçados sobre o tema. A matemática escolar, por outro lado, não tem essas características e, muitas vezes, segue crenças limitantes.

“Ser rápido, decorar tudo e nunca cometer erros. Se essas fossem as regras de uma brincadeira, nenhuma criança iria querer brincar. Os estudantes podem fazer listas e listas de exercícios, mas não estarão ouvindo a música da matemática”, afirmou Dieckmann. 

Matemática e meio ambiente

No período da tarde foi a vez da palestra “Matemática a serviço da sociedade e da natureza: nosso desafio presente – e urgente”, com o professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), João Frederico Azevedo Meyer.

No encontro com o público, o professor explicou como a matemática se relaciona com os problemas ambientais e demonstrou como progressões aritméticas, por exemplo, podem ser usadas para calcular os impactos da poluição na natureza. 

João Frederico Meyer, professor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas

“O MP [Ministério Público] já usou esse modelo para calcular a multa a ser aplicada em uma empresa”,  explicou, ao se referir a um caso de poluição ambiental. Ele aproveitou para destacar a importância da matemática caminhar lado a lado das demais áreas do conhecimento.

“Os problemas que não são da escola não tem resposta no fim do livro. Não tem jeito de trabalhar com eles sem sair das caixinhas de cada uma das matérias”, disse o professor, defendendo a interdisciplinaliridade. 

Leia também: Crianças aprendem com Da Vinci e películas de sabão
Festival Nacional da Matemática abre as portas no Rio