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16/07/2021

Tainá se espelha em ídolos para trilhar caminho na matemática

Tainá durante a premiação da OBMEP 2016

Quando perguntada sobre o momento mais marcante que teve com a OBMEP (Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas), Tainá Isabela Queiroz Drumond, de 16 anos, responde sem hesitar: a cerimônia de entrega da Medalha Fields, em 2018. Assim como os outros medalhistas de ouro da 12ª OBMEP, ela foi convidada para participar do Congresso Internacional de Matemáticos (ICM), no Rio de Janeiro, onde encontrou grandes ídolos da disciplina. “Foi incrível, ficava o tempo inteiro boquiaberta com tudo que estava acontecendo. Tive a oportunidade de conhecer o Artur Avila, vencedor da Medalha Fields em 2014, e até tirei foto com ele. Conheci também o Marcelo Viana”, relembra com entusiasmo.

Tainá durante o Congresso Internacional de Matemáticos (ICM) de 2018

A ocasião também foi especial para a mãe de Tainá, a motorista de ambulância Adrieni Queiroz Drumond, que, ao acompanhar a filha na viagem, pôde entrar em um avião pela primeira vez. “Foi lindo demais, maravilhoso. A Tainá conheceu muitas pessoas de outros países, abriu os horizontes”, conta Adrieni. 

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O impacto da experiência fez com que a estudante buscasse novas medalhas na OBMEP. Desde que participa da competição, Tainá já conquistou três medalhas de ouro e uma de prata, e se tornou a primeira aluna da Escola Municipal Professora Isaura Santos, em Belo Horizonte, a conquistar o prêmio máximo.

Mineira de Belo Horizonte, a medalhista sempre demonstrou facilidade para aprender coisas novas, e já sabia ler aos quatro anos de idade, compartilha Adrieni. A matemática e as ciências exatas sempre estiveram entre suas matérias preferidas. “Adoro literatura e ciências biológicas também, mas gosto das exatas porque elas dão um caminho certo para chegar à resposta”, explica Tainá.

A curiosidade e a dedicação da estudante chamou a atenção dos professores logo cedo. “Quando eu passava uma lista de exercícios, ela era a primeira aluna a terminar e trazer o trabalho na mesa para eu corrigir. E estava sempre tudo certo. Ela também costumava encontrar formas diferentes de resolver algum problema, o que tornava as aulas muito mais interessantes para mim”, relembra Jonas Domingos de Souza, que foi professor de matemática da medalhista durante o 6º e 8º ano do Ensino Fundamental. 

A medalhista com o professor Jonas Domingos de Souza

Foi Jonas quem incentivou Tainá a participar pela primeira vez da OBMEP, em 2016. Ao passar pela primeira fase da competição, a estudante ficou encantada com o tipo de problema matemático que a prova apresentava. “Era muito diferente do que eu conhecia.  A matemática da escola é bem teórica, e a OBMEP pega essa teoria e aplica em problemas divertidos de resolver”, compartilha. 

Uma vez classificada para a segunda fase, Tainá começou uma bateria de estudos que culminou no primeiro ouro da estudante e da escola na competição. A notícia foi recebida com alegria. “Como eu não tinha ido muito bem na primeira fase, não esperava conquistar a medalha. Lembro que os resultados saíram no início da tarde, e saí correndo para a escola comemorar com meus colegas e professores”, diz a medalhista.

A conquista despertou na instituição de ensino o desejo de se engajar com a OBMEP. “Tanto os alunos quanto os professores se sentiram muito motivados. A Tainá participou de uma cerimônia de premiação com o prefeito da cidade, fizemos cartazes com o rosto dela e espalhamos pela escola. Foi uma influência muito positiva.” 

Tainá com sua mãe, Adrieni Queiroz Drumond, durante uma homenagem na Escola Municipal Professora Isaura Santos

Ainda que a estudante tenha saído da escola para cursar o ensino médio no Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG), o impacto de sua conquista é sentido até hoje. “A Tainá virou a nossa estrela. Ela se formou e foi embora, mas deixou um rastro de sucesso, esperança e possibilidade para os estudantes”, frisa Jonas.

Cursando atualmente o 2º ano do ensino médio no CEFET-MG, a mineira enfrenta uma rotina agitada. De manhã, assiste às aulas do curso técnico em informática; à tarde, cursa o ensino médio. E ela ainda encontra tempo para um projeto no ISMART (Instituto Social para Motivar, Apoiar e Reconhecer Talentos) e aulas do Programa de Iniciação Científica (PIC Jr.). Ainda assim, segue empolgada com o aprendizado. “No PIC estava fazendo o programa de mentores. Fiz um curso de introdução a astrofísica que foi incrível”, conta.

A medalhista com professores e colegas

Em breve, Tainá planeja se matricular em um curso de graduação em computação, tornando-se a primeira de sua família a ingressar no ensino superior. A universidade de escolha ainda está em aberto. “Adoraria estudar na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que é uma instituição reconhecida em toda a América Latina, mas também penso em tentar uma faculdade no exterior”, conta. Até agora, as conquistas da mineira já foram suficientes para encher sua mãe de orgulho. “Ela é um exemplo para mim, muito esforçada e inteligente. Desejo que ela faça tudo o que goste e quiser, e que continue dando certo, porque ela merece”, conta Adrieni.

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