Retrospectiva 2024: 10 anos da medalha Fields de Artur Avila
Foi em 12 de agosto de 2014, que Artur Avila deixou seu nome na seleta lista de pesquisadores agraciados com a medalha Fields. O prêmio, conhecido como o Nobel da Matemática, é concedido pela União Matemática Internacional (IMU) a cada quatro anos a matemáticos de até 40 anos de idade que tenham realizado contribuições extraordinárias à área. Até hoje, Avila é o único pesquisador formado no Hemisfério Sul reconhecido com o prêmio.
Os 10 anos da conquista foram celebrados na imprensa. Em outubro, o pesquisador do IMPA e da Universidade de Zurique, na Suíça, participou do programa Conversa com Bial, ao lado do diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana. Ao jornalista Pedro Bial, um dos nomes de destaque do jornalismo brasileiro, o matemático falou sobre a satisfação em poder manter o modus operandi ao longo da carreira.
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“O que realmente faz a gente gostar de fazer matemática, acho que falo pela maioria, é muito próximo, felizmente, ao que nos trouxe para o caminho. O matemático tem condição de durante toda carreira, até os 80 anos, ter o mesmo contato com o trabalho como aquele que ele tinha com 20 anos. A natureza não muda. Você não vira um gerente, que passa a mandar nas pessoas, e para de botar a mão na massa. Você continua querendo fazer o que sempre fez”. A entrevista foi ao ar em outubro e está disponível no GloboPlay.
Para o jornal O Globo, em uma entrevista realizada em Pequim, o pesquisador revelou que tem intensificado sua relação com pesquisadores chineses e que tenta atrair profissionais para o Brasil. Ele destacou a importância do IMPA em sua formação.
“Ficar no Brasil, com excelentes pesquisadores, pode valer mais a pena do que ir para um lugar onde você vai ser apenas mais um competindo com outros. As coisas deram mais certo para mim tendo feito doutorado no Brasil do que fora. Eu comecei muito cedo, terminei o doutorado com 21 anos. Era importante ter um acompanhamento naquele momento. Depois do doutorado saí imediatamente para a França. Mas acho que se tivesse saído antes não teria me dado tão bem” contou ao jornal.
Para a Folha, Avila deixou uma reflexão importante e necessária para a sociedade brasileira. “Ninguém deveria sentir orgulho por não saber matemática. O caminho para tirar essa aura impenetrável é não matar a curiosidade, é permitir que as pessoas explorem e brinquem com a matemática, especialmente desde jovens”.
Medalha Fields
A honraria foi entregue ao pesquisador do IMPA em 12 de agosto de 2004. A premiação foi um dos fatores a levar o Brasil a ocupar um dos degraus mais altos da matemática, o grupo 5, a elite, integrada pelos países mais avançados na disciplina.
Com 35 anos à época, Avila já era reconhecido internacionalmente por seus trabalhos inovadores em sistemas dinâmicos, uma área da matemática que estuda a evolução de fenômenos variados no tempo. O pesquisador atacou uma série de problemas que desafiaram a comunidade científica por décadas.
Na ocasião da premiação, a União Matemática Internacional (IMU) destacou que “Artur Avila trabalha com uma potência técnica formidável, com a engenhosidade e a tenacidade de um mestre solucionador de problemas e com um faro infalível para questões profundas e significativas”, divulgou a instituição, durante cerimônia realizada em Seul, na Coreia do Sul.
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