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05/07/2021

No Livro Histórias Inspiradoras da OBMEP: Heitor Braga

Craque nos números desde pequeno, o cientista contábil Heitor Henrique Alves Braga tem estudado mandarim para concretizar um sonho antigo: “Transmitir as instruções da Bíblia aos imigrantes chineses que vivem no Distrito Federal”. Trimedalhista em Obmeps disputadas entre 2005 e 2010, Heitor Henrique, de 24 anos, é Testemunha de Jeová. Quando não está no Banco de Brasília, onde trabalha na área de Relações com Investidores, dedica-se à difusão da religião. “Ocupo a maior parte do meu tempo em um trabalho voluntário que realizo, de instrução bíblica. Como Testemunha de Jeová, faço a pregação de casa em casa”, relata ele.

Para Heitor Henrique, o envolvimento com a religião “teve e tem importância” em sua “formação como cidadão, aluno, profissional… Como pessoa, de uma forma geral”.

Caçula de três irmãos, sempre estudou em escola pública e acredita que “o desempenho depende de cada aluno, não da escola”. A família tinha boa condição sociofinanceira, poderia ser considerada como de classe média-alta, declara.

O pai, Júlio César Braga, também contador, era auditor fiscal da Secretaria de Finanças do Distrito Federal. A mãe, Elaine Alves Pereira Braga, dona de casa e hoje viúva, conta que, dos três filhos, Heitor Henrique era o que mais se destacava na escola.

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“Aos 4 anos, aprendeu sozinho a escrever o nome. Chegamos a cogitar transferi-lo para um colégio em Brasília, especializado em crianças superdotadas. Mas eu não quis, achei melhor deixar do jeito que estava”, relembra.

Como gostava muito de Matemática, Heitor Henrique decidiu participar das Obmeps. Conquistou duas medalhas de prata, em 2005 e 2010, e uma de bronze, em 2007. Melhor até do que as medalhas, diz, foi ter, a partir do sucesso nas olimpíadas de matemática, participado de três Picmes – o último deles no primeiro ano do curso de ciências contábeis da UnB (Universidade de Brasília).

“Foram de suma importância para meu desenvolvimento matemático e, principalmente, lógico-quantitativo, que tem sido fundamental para algumas atividades que exerço profissionalmente. O Picme incentivou-me a continuar estudando Matemática e desenvolveu ainda mais minha capacidade de abstração, hoje fundamentais no meu dia a dia. Como realizo análises de desempenho financeiro, convivo com números. Sou exigido, constantemente, a ter senso crítico e capacidade interpretativa de números e indicadores financeiros, capacidade que adquiri pela Matemática. E continuo estudando.”

Heitor Henrique formou-se em 2014. Ainda como estudante universitário ingressou no Banco de Brasília, sociedade de economia mista controlada pelo governo do Distrito Federal. “Sou corresponsável por análises econômico-financeiras feitas pela instituição e divulgadas no mercado. O desenvolvimento matemático do Picme/Obmep ajuda muito nas análises de desempenho financeiro e no desenvolvimento de novos métodos analíticos”, afirma.

Além da Matemática e da religião, Heitor Henrique aprecia música, especialmente o rock brasileiro dos anos 80. A banda brasiliense Legião Urbana é a sua favorita, mas também curte Barão Vermelho e Capital Inicial, entre outros conjuntos da época. Compositores e cantores como Chico Buarque, Zé Ramalho, Djavan e Roberto Carlos integram sua relação de preferências, assim como artistas “mais tradicionais” – Luiz Gonzaga, Nelson Gonçalves e Benito de Paula. “Não gosto muito dessas novas gerações de músicos comerciais, acho que faltam criatividade e conteúdo nas letras e melodias”, afirma.

A literatura brasileira é mais uma paixão de Heitor Henrique, que repudia os “best-sellers contemporâneos, que parecem ter apenas fins comerciais”. “Li praticamente todos os clássicos da nossa literatura: Olavo Bilac, Machado de Assis, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Carlos Drummond de Andrade, Graciliano Ramos, Lima Barreto”, lista ele, que também cita filósofos e pensadores do passado – Sócrates, Platão, Aristóteles, Maquiavel, Descartes.

Da infância, lembra ter começado a gostar dos números a partir dos brinquedos de encaixe, como o Lego. “Heitor sempre foi estudioso. Sempre dei aos filhos brinquedos que estimulassem o raciocínio, joguinhos educativos. Como toda criança de sua geração, gostava muito de videogames”, diz a mãe.

Para Elaine, o pai serviu de inspiração para Heitor Henrique, pois trabalhava com Matemática e tinha um “QI bem desenvolvido”. Ela destaca a disciplina como uma das características da vida estudantil do filho caçula. “Ele nunca deu problemas na escola, nunca teve problemas de rebeldia”, comemora.

A fala de Elaine é confirmada pelo filho. “Minha infância foi como a de qualquer outra criança. Sempre gostei de ler e de números. Na adolescência, comecei a me dedicar aos estudos, mais que a maioria dos jovens da minha idade.”

Para Heitor Henrique, “o apreço pela Matemática” desenvolveu-se “na pré-adolescência, quando aumentou o nível de ensino da disciplina na escola”. “Sempre me destaquei com as maiores notas da escola, e minha mãe, apesar de não ser exigente com relação ao meu desempenho, me elogiava e apoiava”, fala.

O gerente de Relações com Investidores do Banco de Brasília, Hugo de Moraes Pinto, enaltece o trabalho desenvolvido pelo cientista contábil. “Heitor mostrou-se, desde o primeiro momento, um profissional diferenciado. Não só pelo seu relacionamento interpessoal, mas principalmente pela capacidade de análise crítica e lógica. Por trabalharmos com números e análises de desempenho, a formação dele certamente contribui, não só com o trabalho em si, mas também pelas discussões trazidas ao ambiente de trabalho. Certamente, Heitor será um dos grandes expoentes em seu campo de atuação e terá uma carreira de muito sucesso”, prevê.

*Texto retirado do livro “Histórias Inspiradoras da OBMEP

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