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01/09/2021

Na Folha, Viana fala do significado do termo algoritmo

Imagem: Max Pixel

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S.Paulo

José Morgado, meu professor de álgebra na Universidade do Porto, explicava assim a diferença entre química e matemática: “Os químicos dão nomes complicados a coisas simples, nós damos nomes simples a coisas complicadas”. Brincadeiras à parte, a matemática tem menos termos técnicos do que a química (ou a biologia), mas o modo como eles são criados é bem mais interessante.

Uma coisa que os termos matemáticos partilham com as palavras comuns é que seus significados podem evoluir ao longo do tempo. “Algoritmo” é um bom exemplo.

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A palavra deriva do nome do matemático e astrônomo muçulmano Muhammad ibn Musa al-Khwarizmi (c.780–c.850), que, no século 12, teve um de seus trabalhos traduzido para o latim sob o título “Algoritmi de numero indorum” (“Al-Khwarizmi a respeito dos números hindus”). Assim ela adquiriu seu significado original: estudo do sistema decimal de numeração, criado pelos hindus. Dele nos resta “algarismo”, que é uma versão da mesma palavra.

Ao início do século 16, o significado já estava evoluindo. Em “Margarita philosophica” (“Pérola filosófica”), publicado em 1503, Gregor Reisch usou “algoritmo” para se referir a cálculo com frações ou usando ábacos. Em 1684, Gottfried Leibniz já empregava a palavra no sentido bastante moderno de “técnica sistemática para realizar um cálculo”. E, quando Leonhard Euler falou em algoritmos (sempre em latim) em 1767, esse sentido já estava bem estabelecido.

De acordo com o dicionário Oxford, a palavra “algoritmo” passou a existir em inglês ao final do século 17. Outras línguas se seguiram, mas ela continuou sendo de uso limitado até o século 19, quando foi utilizada pelo matemático russo Andrei Markov.

No século seguinte, ela ficou intimamente ligada à computação, com o sentido de “sequência finita de operações explícitas para resolver um problema ou fazer um cálculo”. É curioso que nenhum dos pioneiros da disciplina (Gödel, Turing, Church etc.) a tenha utilizado, mas isso não impediu que se tornasse rapidamente popular no jargão computacional.

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