Folha: ‘Os limites da matemática computacional’
Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S. Paulo
Na semana passada, uma notícia um pouco misteriosa agitou o mundo da matemática computacional: um grupo de pesquisadores anunciou que tinha, finalmente, conseguido calcular o 5º “castor atarefado” e o seu valor é 47.176.870. Foi o culminar de um esforço envolvendo centenas de especialistas ao longo de mais de quatro décadas. Mas para entender essa história precisamos remontar ainda mais no tempo, até 1936.
Nesse ano, o matemático britânico Alan Turing (1912–1954) propôs um modelo matemático do conceito de computador, que logo foi chamado “máquina de Turing”. As máquinas de Turing executam cálculos lendo e escrevendo zeros (0) e uns (1) numa fita de comprimento infinito dividida em células quadradas, por meio de um dispositivo de leitura e escrita que interage com uma célula de cada vez.
Cada máquina de Turing tem seu próprio programa, ou seja, suas próprias regras sobre como o cálculo deve ser realizado. Um exemplo: “se a célula contém 1, substitua esse valor por 0, mova a fita uma célula para a esquerda e consulte a regra B; se a célula contém 0, mova a fita uma célula para a direita e consulte a regra A”. Há uma regra especial que determina quando a máquina para de calcular: voltarei a ela daqui a pouco.