Navegar

25/08/2021

Na Folha de S.Paulo, as origens dos termos matemáticos

James Joseph Sylvester, que criou vários termos matemáticos/ Crédito: Johns Hopkins University/Divulgação

Reprodução da coluna de Marcelo Viana na Folha de S.Paulo

Conta o livro do Gênesis que, depois de criar o mundo, Deus fez os animais e os levou a Adão, e “o homem deu nomes aos animais domésticos, às aves do céu e aos animais selvagens”. Em artigo publicado na revista Nature em 1888, o inglês James Joseph Sylvester reclamou para si distinção equivalente no campo da matemática: “Talvez eu possa requerer sem imodéstia a denominação de ‘Adão matemático’, já que dei mais nomes a criaturas da razão matemática do que todos os outros matemáticos juntos”.

Talvez o mais conhecido (e engenhoso) dos termos matemáticos criados por Sylvester seja “matriz”, que ele usou pela primeira vez em 1850. A palavra vem do latim “matrix”, que significa “ventre” ou “útero” e, por isso, é muito usada na pecuária. Sylvester adotou-a para seus fins, argumentando que uma matriz matemática é “um arranjo retangular de números do qual diferentes sistemas de determinantes podem ser gerados, a partir do ventre de uma mãe comum”.

Leia mais: INCTMat promove live sobre elaboração de artigos científicos
“É o desafio que torna tudo interessante”, diz medalhista
Workshop vai oferecer soluções matemáticas a empresas

Aliás, os matemáticos adoram pegar palavras comuns e usá-las para seus próprios fins. Por exemplo, há um teorema em topologia que diz que “todo espaço compacto de Hausdorff é normal”. Tirando “de Hausdorff”, que se refere ao matemático alemão Felix Hausdorff (1868-1942), todas as palavras no enunciado são de uso rotineiro. Mas as únicas que estão com o sentido usual são “todo” e “é”.

Outros termos matemáticos são resultado de erros e confusões ao longo de sua história. Anos atrás, um colega de Madri tentou me convencer de que a palavra “seno” da trigonometria significaria “seio” (em espanhol as duas palavras são idênticas) e faria referência à forma arredondada do gráfico da função.

A verdadeira origem é a palavra “jya”, que é “corda de arco” em sânscrito e que foi usada pela primeira vez no sentido matemático no trabalho “Aryabhatiya”, publicado em 499 pelo hindu Aryabhata, o Velho. A palavra correspondente em árabe é “jiba”. Só que ela se escrevia “jb”, pois os árabes costumavam omitir as vogais. O resultado foi ter sido confundida com “jaib”, que significa “baía” e, por isso, foi traduzida para “sinus” (“baía”) em latim. Desta resultou “seno” em português e espanhol.

Para ler o texto na íntegra acesse o site do jornal

Leia também: Ao Globo, Adam Kucharski diz que vacina não conterá Delta
Na Folha de S.Paulo, Marcelo Viana fala da Plimpton 322