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09/03/2020

Música e Matemática é tema da 16ª edição da OBMEP

Foto: Reprodução G1

Você pode até não entender de música. Mas não precisa ser nenhum especialista para notar que um instrumento pode emitir diferentes tipos de sons, se estiver com a corda inteira, dividida pela metade ou em três partes. E a resposta para isso está na matemática! Esta magia quase imperceptível entre notas musicais e números é o tema da 16ª edição Olimpíada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas (OBMEP), que chega hoje (20) ao último dia de inscrições. 

Ao longo do tempo, a música já despertou o interesse e os ouvidos de diversos matemáticos famosos. Galileu, Descartes, Huygens e D’Alembert chegaram a escrever tratados sobre composições. Em contrapartida, partituras conhecidas já colaboraram para a resolução de problemas matemáticos importantes, como o problema das cordas vibrantes que levou à teoria das séries de Fourier.

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Quem acompanha o assunto de perto é o pós-doutorando do IMPA, Vitor Guerra. O cientista da computação usa, desde 2015, a matemática para analisar a complexidade das redes musicais na música clássica. A pesquisa teve início no doutorado, depois de conhecer a linguagem de programação ChucK, desenvolvida por Ge Wand, criador das orquestras de laptop das universidades Princeton e Stanford, nos Estados Unidos.

Para Vitor, músicos, matemáticos e poetas têm algo valioso em comum. “Possuímos um ouvido interno que, de alguma forma consciente, ouve, acompanha e conta propriedades como frequência, qualidade, altura e duração dos sons e suas misturas”, avalia. “É isso que me apaixona ao estudar música e matemática.”

A boa relação entre elas também foi tema de um episódio da série do Jornal Nacional sobre matemática. Com o diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana, como protagonista, as quatro reportagens especiais exibidas pela TV Globo, em novembro de 2017, mostraram como a ciência está inserida no dia a dia das pessoas, muitas vezes sem que elas se deem conta disso, como na música.

A série apresentou uma outra definição para notas musicais. Por que não pensar nelas como números em movimento? Viana explicou a ligação que existe entre sons e frações. “Quando você está com a corda de um instrumento completa você tem uma nota de uma certa frequência. Na hora em que você coloca o seu dedo, o efeito é que a corda fica com metade do comprimento e a frequência é o dobro”, explicou o diretor-geral do IMPA ao repórter Pedro Bassan. 

A reportagem trouxe ainda o seguinte desafio: se você não gosta de números, tente passar um dia sem eles. Engana-se quem pensa que o resultado seria positivo. “A matemática é uma grande amiga”, afirmou Viana. 

Os participantes da OBMEP sabem bem disso. Craques em matemática, eles se preparam para a competição que valoriza o raciocínio e não as fórmulas. A prova da primeira fase é em 26 de maio. Até lá, ouvir música pode ser uma boa ideia para pensar em matemática mesmo nas horas de lazer.

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