Música e Matemática é tema da 16ª edição da OBMEP
Você pode até não entender de música. Mas não precisa ser nenhum especialista para notar que um instrumento pode emitir diferentes tipos de sons, se estiver com a corda inteira, dividida pela metade ou em três partes. E a resposta para isso está na matemática! Esta magia quase imperceptível entre notas musicais e números é o tema da 16ª edição Olimpíada Brasileira de Matemática de Escolas Públicas (OBMEP), que chega hoje (20) ao último dia de inscrições.
Ao longo do tempo, a música já despertou o interesse e os ouvidos de diversos matemáticos famosos. Galileu, Descartes, Huygens e D’Alembert chegaram a escrever tratados sobre composições. Em contrapartida, partituras conhecidas já colaboraram para a resolução de problemas matemáticos importantes, como o problema das cordas vibrantes que levou à teoria das séries de Fourier.
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Quem acompanha o assunto de perto é o pós-doutorando do IMPA, Vitor Guerra. O cientista da computação usa, desde 2015, a matemática para analisar a complexidade das redes musicais na música clássica. A pesquisa teve início no doutorado, depois de conhecer a linguagem de programação ChucK, desenvolvida por Ge Wand, criador das orquestras de laptop das universidades Princeton e Stanford, nos Estados Unidos.
Para Vitor, músicos, matemáticos e poetas têm algo valioso em comum. “Possuímos um ouvido interno que, de alguma forma consciente, ouve, acompanha e conta propriedades como frequência, qualidade, altura e duração dos sons e suas misturas”, avalia. “É isso que me apaixona ao estudar música e matemática.”
A boa relação entre elas também foi tema de um episódio da série do Jornal Nacional sobre matemática. Com o diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana, como protagonista, as quatro reportagens especiais exibidas pela TV Globo, em novembro de 2017, mostraram como a ciência está inserida no dia a dia das pessoas, muitas vezes sem que elas se deem conta disso, como na música.
A série apresentou uma outra definição para notas musicais. Por que não pensar nelas como números em movimento? Viana explicou a ligação que existe entre sons e frações. “Quando você está com a corda de um instrumento completa você tem uma nota de uma certa frequência. Na hora em que você coloca o seu dedo, o efeito é que a corda fica com metade do comprimento e a frequência é o dobro”, explicou o diretor-geral do IMPA ao repórter Pedro Bassan.
A reportagem trouxe ainda o seguinte desafio: se você não gosta de números, tente passar um dia sem eles. Engana-se quem pensa que o resultado seria positivo. “A matemática é uma grande amiga”, afirmou Viana.
Os participantes da OBMEP sabem bem disso. Craques em matemática, eles se preparam para a competição que valoriza o raciocínio e não as fórmulas. A prova da primeira fase é em 26 de maio. Até lá, ouvir música pode ser uma boa ideia para pensar em matemática mesmo nas horas de lazer.
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Em coluna na Folha, Viana explica o Paradoxo de Braess