07/06/2019

Mindfulness ensina gestão de emoções e autoconhecimento

Você já teve a sensação de que está vivendo no “piloto automático”? Em um momento, está lendo um livro atentamente, mas, de repente, percebe que avançou duas páginas e não absorveu nada da leitura. Ou, em outro caso, já se desconectou do presente planejando o futuro com base em experiências passadas?

As suas respostas provavelmente foram “sim” para as duas perguntas. Para a primeira porque o tempo médio de concentração que mantemos em um mesmo objeto é de oito segundos. E para segunda porque é característica dos seres humanos se preparar e se preocupar com o que ainda está por vir.

As questões acima e suas explicações foram abordadas na palestra sobre Atenção Plena, do médico psiquiatra e instrutor de Mindfulness Fabiano Valerio, promovida nesta sexta-feira (7) pelo IMPA, no auditório Ricardo Mañé. Destinada a alunos, pesquisadores e funcionários, o propósito da apresentação foi ajudar os membros da instituição a aliviar o estresse cotidiano e a sobrecarga de tarefas. Mais de 120 pessoas assistiram à apresentação.

O treinamento mental baseado em técnicas meditativas segue um modelo laico e científico e tem sido estudado em universidades de importância mundial, como Oxford (Inglaterra) e Harvard (EUA). O conceito de Mindfulness se refere a um estado mental ou à consciência que emerge ao direcionarmos a atenção intencionalmente para a experiência direta do momento presente, com uma atitude aberta e não julgadora.

“É um programa sobre como manejar emoções, não como controlá-las porque isso é impossível”, explicou o palestrante Fabiano Valerio, instrutor de Mindfulness aplicado à saúde pelo Centro Mente Aberta da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). “Esta é uma ferramenta de autoconhecimento e gestão de emoções”, sintetizou.

Formado em medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Fabiano abordou a história, os mecanismos de funcionamento e as evidências científicas da atenção plena.

Foram realizadas breves práticas guiadas e discussão da experiência. O processo da meditação mindfulness consiste em estabelecer uma âncora. No exercício aplicado, foi proposta a concentração na respiração. A primeira etapa foi observar a respiração; a segunda, se distrair (fantasiar, ruminar); e, por fim, retomar o foco da atenção na respiração. “Por um momento esqueci que estava aqui, me senti muito tranquilo”, comentou o diretor-geral do IMPA, Marcelo Viana, após a prática guiada. “O meu receio é que pareceu que eu iria dormir”, brincou.

Mas a sonolência é normal, esclareceu o instrutor. “Você pode ficar com sono, mas essa não é a única reação. Muitas pessoas dizem se sentir agitadas durante o exercício. Não há certo ou errado.”

Fabiano ainda apresentou os benefícios do Mindfulness para além do treinamento da atenção e autoconhecimento. O método auxilia na criação de hábitos mentais saudáveis e desenvolve a capacidade de se relacionar com os outros de uma maneira mais produtiva e colaborativa. “É mais fácil nos relacionar com os grupos porque aprendemos a nos relacionar com nós mesmos.”

A prestadora de serviço de IMPA Francisca do Carmo aprovou a palestra. “Foi muito proveitosa, principalmente na parte de meditar, de que eu gosto muito.” Mas mindfulness não é sinônimo de meditação, ressalvou Fabiano. “Fazemos uso da técnica de meditação, mas não se restringe a isso.”

A palestra introdutória foi o primeiro passo para o plano de estabelecer um programa para saúde mental no IMPA, com workshops e outras práticas. Na próxima semana, turmas serão abertas para dar continuidade ao programa. Os membros do IMPA receberão um e-mail informativo sobre como realizar a inscrição.

A gravação da palestra estará disponível online para o público interno da instituição.