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05/10/2020

Matemática é aliada no combate a futuras pandemias

Foto: Dan Marchesin tenta viabilizar melhores tomadas de decisão e estratégia em pandemia

A alta velocidade de propagação da Covid-19, o alarmante número de óbitos causados pela doença e o pouco que se sabe até agora sobre o vírus são alguns dos desafios que vêm sendo encarados por Dan Marchesin nos últimos meses. O pesquisador do IMPA e fundador do Laboratório de Dinâmica de Fluidos do instituto integra um grupo de pesquisa liderado pelo epidemiologista Claudio Struchiner, que busca decifrar comportamentos futuros dessa e outras pandemias. O objetivo é viabilizar melhores tomadas de decisão e estratégias, passos que são cientificamente delineados a partir da matemática a serviço da saúde. 

A união dos pesquisadores se deu após o contato com alguns ex-alunos de Marchesin que quiseram contribuir de algum modo no combate à pandemia. Depois de assistir a uma palestra on-line do pesquisador do ICMC-USP Tiago Pereira, que também integra o grupo de trabalho de Struchiner, Marchesin decidiu fazer parte. “Achei perfeito porque Struchiner é especialista em epidemiologia com mestrado pelo IMPA, e conseguiria unir a linguagem da matemática aos objetivos da saúde”, disse, em entrevista à Faperj

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Entre as estratégias de trabalho do grupo de pesquisa, estão os estudos de testagem em massa para conhecer o percentual da população já infectada pelo coronavírus e acompanhamento de famílias na favela da Maré, no Rio. Eles querem verificar a existência de casos de reinfecção e estimar o tempo que infectados permanecem imunes, questões fundamentais para lidar com a Covid-19 no futuro. A expectativa é que os modelos desenvolvidos possam guiar também estratégias de vacinação e tornar ensaios vacinais mais simples. 

Foto: Tiago Pereira e Claudio Struchiner também integram grupo de pesquisa

Marchesin acredita que será necessário criar uma rede de coleta de dados como as que são usadas para a previsão do tempo para ajudar na previsão de epidemias no futuro. O pesquisador alerta que as mudanças climáticas afetam diretamente no quadro epidemiológico e chama atenção para as consequências da ocupação de biomas como o amazônico. Fato que contribuiu para o desequilíbrio e contribuiu para o contato entre vírus e seus hospedeiros, incluindo o homem. “Diria que estou aprendendo como é essa nova área importantíssima, integrada a outra ainda maior, que é a biologia matemática”, considera.  

Os pesquisadores esperam dar o apoio técnico-científico para o momento da pandemia e aplicar as estratégias na avaliação do impacto das medidas adotadas. Além disso, trabalham também no planejamento da suspensão da epidemia, minimizando as chances do cenário voltar a se agravar. 

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