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24/09/2020

Inteligência artificial pode salvar vidas na área da saúde

Foto: Agência Brasil

A rotina de grandes hospitais e centros de saúde não é nada fácil. Mesmo para uma equipe médica capacitada, gerenciar cuidados e monitorar com precisão as centenas de pacientes internados representa um desafio sobre-humano. Percebendo este problema – que nos Estados Unidos, por exemplo, contribui para uma média anual de 400 mil mortes por erros médicos – cientistas estão se debruçando sobre o uso da inteligência artificial na área da saúde. No artigo “Illuminating the dark spaces of healthcare with ambient intelligence”, publicado na Revista Nature, em setembro, pesquisadores da Universidade de Stanford analisaram como a “inteligência ambiental” pode salvar vidas.

Alertar médicos e visitantes quando eles deixam de higienizar as mãos antes de entrar no quarto de algum paciente e monitorar discretamente idosos frágeis em busca de pistas comportamentais de crises de saúde iminentes são algumas aplicações para sistemas de sensores de IA que poderiam trazer melhores resultados na área.

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“Temos a capacidade de construir tecnologias nos espaços físicos, onde cuidados de saúde são prestados para ajudar a reduzir a taxa de erros fatais que ocorrem hoje devido ao grande volume de pacientes e à complexidade de seus cuidados”, disse Arnold Milstein, professor de medicina e diretor do Centro de Pesquisa de Excelência Clínica de Stanford (CERC) e um dos autores do artigo em entrevista à universidade

Um experimento feito em Stanford usou sensores infravermelhos de profundidade, comandados por IA, para discernir se pessoas estavam com as mãos limpas antes de entrar em um cômodo. Acoplado à porta, um tablet alternava a cor de tela do verde para o vermelho caso houvesse alguma falha na higienização. A escolha pelo alerta visual em vez do sonoro foi um conselho de médicos. “Os hospitais já estão cheios de zumbidos e bipes. Uma dica visual provavelmente seria mais eficaz e menos irritante”, explicou Milstein.

Especialistas estão testando se sistemas de alerta como este podem reduzir o número de pacientes de UTI que contraem infecções nosocomiais, doenças potencialmente fatais contraídas por pacientes devido à falta de adesão aos protocolos de prevenção de infecções por pessoas que circulam nos hospitais.

Ainda que confiram eficiência aos tratamentos, o uso destas ferramentas suscita algumas questões legais, regulatórias e de privacidade. A cientista da computação Fei-Fei Li, coautora do estudo, indica que estas dúvidas devem ser identificadas e tratadas de forma pública, ganhando a confiança dos pacientes e provedores, e das agências e instituições que pagam os custos dos cuidados de saúde. 

“A tecnologia para proteger a saúde de populações clinicamente frágeis é inerentemente centrada no ser humano. Os pesquisadores devem ouvir todas as partes interessadas para criar sistemas que complementem os esforços de enfermeiras, médicos e outros cuidadores, bem como os próprios pacientes”, pontuou. 

Fonte: Stanford Engineering.

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