História de Medeiros com a OBMEP: da escola ao magistério
Natural de Várzea (PB), cidade com pouco menos de três mil habitantes no Sertão Paraibano, Francimário Souto Medeiros coleciona premiações da OBMEP tanto como aluno quanto como professor. O espírito olímpico de Medeiros surgiu em seu primeiro contato com a olimpíada, em 2005, quando foi incentivado a competir na prova. O que o paraibano não imaginava era que, cerca de 17 anos depois, estaria comemorando a vitória dos seus alunos como professor de matemática da rede estadual.
“Minha história com a OBMEP não terminou, é um recomeço como professor e sinto que posso passar o conhecimento que tenho adiante. Sou muito grato à olimpíada por tudo que me proporcionou e meu maior desejo é que cada vez mais alunos tenham a oportunidade de conhecer a matemática como eu tive. Meus tempos de competição estão de volta!”, comenta o professor, bem-humorado.
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Foi com essa mesma animação que Medeiros conquistou o primeiro reconhecimento na olimpíada. Em 2005, o então aluno do 8º ano do Ensino Fundamental recebeu uma menção honrosa que serviu de combustível para que se esforçasse ainda mais na busca por uma medalha da OBMEP. “Tinha aptidão para os números desde criança, mas nunca havia sido incentivado nessa área. Quando consegui a menção honrosa, decidi que me dedicaria ainda mais para a próxima OBMEP. Foi quando consegui a medalha de prata, em 2006”, afirma.
Como aluno, Medeiros recebeu uma medalha de ouro na OBMEP em 2010
Com a medalha em mãos, o jovem foi convidado a participar do Programa de Iniciação Científica Jr. (PIC). O esforço para se dedicar aos estudos era grande. “Na época, o PIC era apenas presencial e eu morava em um lugar um pouco distante. Todo sábado, precisava acordar às quatro da manhã para pegar o transporte que me levava até Campina Grande, onde eram os encontros do programa. Foi nesse momento que entendi o que eu gostaria de estudar e decidi seguir carreira na matemática!”, relembra.
Filho de um agricultor e de uma costureira, o professor afirma que a bolsa oferecida pelo PIC foi essencial para custear os estudos. “Naquele tempo a renda da casa era um salário mínimo, então a bolsa ajudou muito. Foi a partir dela que tive o meu primeiro computador, por exemplo”. Além da ajuda financeira, o PIC abriu os horizontes do então medalhista para a possibilidade de estudar fora de Várzea.
Após uma série de conquistas na OBMEP, que incluem uma medalha de ouro, uma de bronze e duas menções honrosas, Medeiros foi aprovado na Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), em 2010. A mudança de cidade foi custeada com ajuda da bolsa do Programa de Iniciação Científica e Mestrado (PICME). “Meus pais não tinham nenhuma condição de me manter em outra cidade e foi a bolsa do PICME que me ajudou. Quando entrei na universidade, também tive a ajuda do meu professor José Vieira, que morava próximo à UFCG e me ofereceu a oportunidade de ficar na casa dele até que eu tivesse condições de caminhar com minhas próprias pernas”, afirma.
Aos 28 anos, o professor comemora o fato de não só ter conquistado o tão sonhado diploma de graduação, como também o título de mestre na UFCG, em 2017. Após a conclusão da pós-graduação, lecionou como professor temporário na universidade durante dois anos, quando prestou concurso público para professor da educação básica. Aprovado no concurso, Medeiros viu a chance de incentivar jovens que, assim como ele, poderiam ter suas vidas impactadas pela OBMEP. “Queria muito trabalhar com a olimpíada, porque tenho muita gratidão por tudo que conquistei”, comentou. Atualmente, o paraibano dá aula na Escola Cidadã Integral Técnica Professor Bráulio Maia Júnior, de Campina Grande, e prepara turmas de 1º ao 3º ano do Ensino Médio para a olimpíada.
Na 16ª edição, 11 de seus alunos foram premiados: um recebeu medalha de prata e os outros 10, menções honrosas. “Quando saiu o resultado todos ficaram muito empolgados, porque perceberam que são capazes. A premiação deu muito ânimo para os alunos e é uma consequência de todo o trabalho que estivemos desenvolvendo! Mas, independente de medalhas e menções, o mais importante é podermos apresentar uma matemática diferente e lúdica para esses alunos”, comenta.
Alunos de Medeiros classificados para a 2ª fase da 16ª OBMEP participaram de grupo de preparação
